“Em primeiro lugar quero falar da segurança, porque claro que um acidente desta natureza coloca sempre em causa a segurança, mas quer vos dizer que no relatório dos observadores esta questão é realçada, mas não penaliza a prova, nem o plano de segurança”, adiantou Paulo Fontes, presidente da Comissão de Organização do RVM, sobre o relatório elaborado pelos observadores da FIA.
O acidente que vitimou uma menina de oito anos aconteceu em 06 de agosto último, durante a última classificativa da competição, quando a vítima atravessou a estrada a pé e foi colhida pela viatura em que seguia o piloto madeirense Miguel Gouveia.
O atropelamento ocorreu na Serra de Água, concelho da Ribeira Brava, na zona oeste da ilha, e obrigou à interrupção da classificativa.
A vítima chegou a ser transportada para o Hospital Dr. Nélio Mendonça, no Funchal, mas acabou por não resistir aos ferimentos.
Na sede do clube organizador desde 1959, Club Sports Madeira, o presidente explicou que a comissão organizadora se reuniu com a família da criança há cerca de três semanas com o intuito de abordar várias questões e entregar um donativo que resultou de toda a receita angariada com a venda de lugares em bancadas colocadas na baixa do Funchal.
“Tomámos a decisão que todas as receitas que foram obtidas com a venda dos lugares nas bancadas para a classificativa da Avenida do Mar reverteram para a família da pequena Vitória. Tal como nos tínhamos comprometido, o donativo foi entregue só com a presença dos familiares”, realçou o dirigente.
Antes do acidente, a maior prova desportiva da região estava a “decorrer dentro da normalidade, apesar de alguns excessos do público em algumas zonas”, fruto do entusiasmo à volta do rali, num período pós-pandemia, segundo Paulo Fontes, que lembrou que faltavam apenas dois concorrentes para o fim da competição.
“Infelizmente aconteceu, mas temos de reagir e andar para a frente e é isso que estamos a fazer ao dizer que não afetou nos relatórios, nem a segurança da prova. O plano de segurança funcionou e tudo o que foi necessário fazer intervimos em tempo, demos todo o apoio que foi necessário e tudo aquilo que era possível a organização fez”, frisou.
Apesar do Ministério Público ter confirmado a abertura de um inquérito para apurar as circunstâncias da morte da criança, em 10 de agosto, o presidente da Organização do Rali Vinho Madeira garantiu que ainda não foi contactado.
“Estamos à disposição de todas as autoridades para falarmos sobre o tema. Até esta data não fomos contactados ou notificados para prestar qualquer declaração sobre o incidente verificado”, destacou.
No relatório não houve pontos negativos, segundo Paulo Fontes, mas sim “uma chamada de atenção” sobre a situação acima referida, tendo os restantes pontos merecido um parecer muito positivo.
Na conferencia de imprensa foram ainda entregues os cheques aos três melhores classificados da edição 2022 da prova. O grande vencedor e agora recordistas com cinco títulos, Alexandre Camacho, seguido por Miguel Nunes e José Pedro Fontes que fechou o pódio.