“O Chega é frontalmente contra, conforme os seus estatutos deixam claro, quaisquer práticas de racismo, xenofobia ou discriminação”, disse, numa declaração à imprensa na Assembleia da República, em Lisboa.
André Ventura acusou o Governo de ter uma “atitude persecutória sobre as forças policiais” e “querer espezinhar toda uma classe com base em participações de mensagens em grupos privados para denegrir a sua imagem”.
“Pior, fá-lo procurando associar estas práticas a um determinado partido, que é o Chega”, criticou, considerando que "durante anos ninguém se preocupou que classes profissionais fossem tomadas de assalto ou próximas do PCP, PS ou BE".
Ventura afirmou que o seu partido “continuará a lutar pelas forças policiais, pela sua dignidade e pela injustiça de que são alvo” e salientou que não vai “tolerar que o Governo, para distrair e desviar atenções dos múltiplos casos no seu seio, queira agora tornar o Chega e as forças policiais no bode expiatório dos próximos meses”.
“O Chega colaborará com o que tiver de colaborar e que a justiça lhe solicite, mas não peçam ao Chega que colabore com o Governo a dizer se os polícias são ou não próximos do Chega, se as suas famílias são ou não próximas do Chega, se eles são ou não militantes do Chega para irem atrás deles, para lhes suspenderem os salários, as carreiras e a progressão”, indicou o presidente do partido de extrema-direita.
“Não o faremos, a menos que sejamos intimados pela justiça para tal”, disse, defendendo que os polícias “têm limitações mas têm também direitos políticos” e “não se pode pedir aos polícias que olhem para o lado e não vejam a sociedade em que estão a viver”.
André Ventura classificou como “amostra muito insignificante” os casos conhecidos que "não mancham toda a polícia", referiu que o conteúdo das mensagens se tratou de "estados de alma” e desafiou a imprensa a fazer reportagens sobre a "violência contra os polícias".
"É evidente que se eu digo a alguém que o vou matar com uma arma de uma determinada categoria isso é grave, é crime e é o Ministério Público que tem de investigar, não é o Governo pegar nisso e lançar um anátema sobre todos os polícias, estando agora a persegui-los", referiu.
E considerou que "é extraordinário o ministro em vez de pedir um levantamento primeiro dos elementos que foram divulgados, 20 minutos depois está a pedir um inquérito a essas publicações e esse comportamento".
André Ventura indicou também que o partido vai expor o caso à Comissão Europeia, para “denunciar o clima de intimidação à polícia e de humilhação à polícia que algumas entidades estão a levar a cabo, sobretudo o Ministério da Administração Interna e o ministro da Administração Interna”.
O presidente do Chega referiu ainda que vai "avançar judicialmente" contra a Visão pela publicação de uma reportagem de investigação intitulada “O braço armado do Chega”.
Um consórcio de jornalistas de investigação divulgou esta quarta-feira ao fim do dia que mais de três mil publicações de militares da GNR e agentes da PSP, nos últimos anos, mostram que as redes sociais são usadas para fazer o que a lei e os regulamentos internos proíbem.
Segundo a mesma investigação, todos os agentes e militares da PSP e da GNR que escreveram estas frases nas redes sociais estão no ativo.
Na quarta-feira foi divulgado que a Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) vai abrir um inquérito à veracidade das notícias que referem a publicação, por agentes das forças de Segurança, de mensagens nas redes sociais com conteúdo discriminatório e que incitam ao ódio.
Numa nota do gabinete do ministro da Administração Interna é dito que José Luís Carneiro determinou à IGAI “a abertura de inquérito, imediato, para apuramento da veracidade dos indícios contidos nas notícias de hoje [quarta-feira] sobre a alegada publicação, por agentes das forças de segurança, de mensagens nas redes sociais com conteúdo discriminatório, incitadoras de ódio e violência contra determinadas pessoas”.