O presidente da Assembleia Legislativa da Madeira (ALM) apelou ontem para que a tragédia dos incêndios que deflagraram na ilha a 8 de agosto não seja utilizada como "arma de arremesso político".
"Não é momento de utilizar este triste acontecimento como arma de arremesso político", afirmou Tranquada Gomes, discursando na sessão solene dos 508 anos do Dia da Cidade do Funchal.
Para o responsável do principal órgão de governo próprio da Madeira, "o discurso político deverá ser elevado e traduzir-se na apresentação de propostas concretas exequíveis e financeiramente sustentáveis".
O presidente do parlamento madeirense assegurou a disponibilidade da Assembleia da Madeira para, "nos limites das suas atribuições, prestar às entidades competentes toda a colaboração que se revelar útil e necessária, particularmente ao nível de soluções legislativas que venham a ser consideradas oportunas para fazer face a esta tragédia".
"Se é verdade que a combinação das condições atmosféricas desfavoráveis contribuíram em larga escala para propagação dos incêndios, não é menos verdade que é necessário efetuar um estudo rigoroso e aprofundado das restantes causas e, sobretudo, haverá que reponderar os meios e procedimentos atualmente instituídos para o combate" aos fogos, sublinhou.
Tranquada Gomes sustentou que "mais do que procurar bodes expiatórios para o que aconteceu" – sendo importante não esquecer que "se tratou de fogo posto" -, o mais importante é " proteger a população, adotando ou reforçando as soluções que para o efeito se revelem tecnicamente mais adequadas".
Por seu turno, o secretário regional da Economia, Turismo e Cultura da Madeira considerou que este é o tempo da reconstrução e reorganização do quotidiano do Funchal, o concelho mais afetado pelas chamas.
O governante, que representou o executivo regional da cerimónia, acrescentou que não pode ser descurada a importância de "manter intacta a imagem e a procura turística" da cidade, que são "fundamentais alavancas da estabilidade económica" da região.
"Aguardamos e estamos certos de que o Governo da República respeitará os vários compromissos que assumiu, quer nas diversas deslocações que realizou, quer nas reuniões e nos contactos estabelecidos, desde a primeira hora, cumprindo com a celeridade e atendendo à urgência que a realidade impõe", sublinhou.
Eduardo Jesus reforçou que o Governo da Madeira (PSD) "será intransigente e fará tudo ao alcance" na defesa dos interesses da região, convicto de que "terá, ao seu lado cada um dos municípios afetados e, particularmente, o do Funchal".
O responsável deixou ainda o reconhecimento à equipa do município do Funchal, pela "forma interventiva como acompanhou toda esta situação, complementarmente à resposta que foi dada pelo Governo Regional no terreno".
No seu entender, foram encontradas "as melhores respostas, a cada momento, numa realidade muito exigente e em constante evolução".
O representante da República para a Madeira, Ireneu Barreto, opinou que a comunidade "espera que os seus representantes, em conjunto, possam trabalhar para recuperar dos acontecimentos do passado e prevenir as incertezas do futuro", apesar das "naturais divergências pontuais".
O juiz conselheiro realçou o esforço de todos no combate aos fogos e a "vontade de ajudar" dos restantes portugueses, evidenciada nas visitas que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro, António Costa, efetuaram à Madeira, salientando que "ninguém fugiu", o que permitiu à cidade viver já em "relativa normalidade".
A ilha da Madeira foi afetada na segunda semana deste mês por incêndios que afetaram sobretudo o concelho do Funchal e fizeram três mortos e um ferido grave.
No município, cerca de 300 imóveis ficaram destruídos ou danificados e 22% do território ardeu.
C/Lusa