Fernando Medina esteve esta tarde numa audição regimental na Comissão de Orçamento e Finanças (COF), no parlamento, durante a qual o dossiê TAP surgiu diversas vezes pela voz dos deputados de quase todos os partidos, particularmente as eventuais consequências que serão retiradas da auditoria da Inspeção-Geral das Finanças (IGF) sobre a indemnização paga pela TAP a Alexandra Reis.
Mariana Mortágua, deputada e candidata a coordenadora do BE, foi a mais incisiva, o que resultou num ‘pingue-pongue’ de perguntas e evasão de resposta com o ministro das Finanças, que durou cerca de 13 minutos.
Mariana Mortágua perguntou sete vezes e todas as vezes Fernando Medina desviou a resposta, argumentando querer centrar a audição nas questões económicas do país.
A bloquista questionou o ministro das Finanças sobre o seu conhecimento sobre as razões envolvidas na rescisão de Alexandra Reis: “Disse [numa audição no início de janeiro] que conhecia bem as razões da saída de Alexandra Reis da TAP. Nunca lhe perguntei como é que sabia das razões de Alexandra Reis e gostava de conhecer a sua resposta”.
O ministro das Finanças começou por registar que sobre “a situação económica do país”, Mariana Mortágua “não pergunta, não comenta, não discorda”, considerando “que revela bem a sua pergunta uma ordem de prioridade política”.
“Sobre os aumentos de preços, os aumentos das taxas de juro, da forma como nós vamos gerir a nossa dívida pública, a forma como vamos apoiar o investimento na manutenção do emprego são as questões políticas centrais que ocupam o Ministério das Finanças e que nos vão preocupar. Sobre questões que são laterais relativamente a essa matéria, senhora deputada, não lhe darei mais importância do que ela tem”, afirmou.
A deputada voltou a insistir, levando Fernando Medina a afirmar em tom irritado: “Percebo que está em treino para a Comissão Parlamentar de Inquérito [CPI], mas certamente encontrará lá o seu tempo para essa resposta”.
Mariana Mortágua não desistiu, perguntando se foram encontradas provas no Ministério das Finanças que o administrador Gonçalo Pires tinha informado a tutela sobre o processo negocial da indemnização, se o contrato com a presidente de administração da TAP e aos prémios atribuídos serão divulgados publicamente ou se irá manter a presidente do Conselho de Administração da empresa caso sejam detetadas irregularidades no relatório do IGF.
“Pode não gostar da minha resposta, tem o direito a ter a sua prioridade política do ponto de vista das questões que coloca ao ministro das Finanças e o ministro das Finanças tem também a possibilidade de responder de acordo com as prioridades que defini”, contrapôs o governante, argumentando que “gostava de nesta audição poder responder sobre medidas” ou sobre o “aumento de juros, crescimento económico, investimento”.
Para Fernando Medina, “antecipar as conclusões da IGF não é sequer a forma institucional de respeitar o trabalho de uma instituição do Estado”.
Também o PSD, o Chega, a Iniciativa Liberal e PCP colocaram questões sobre a empresa cuja gestão tem estado sob polémica e originou uma comissão parlamentar de inquérito, que tomou posse na semana passada.
Em resposta ao deputado do PCP Duarte Alves, Fernando Medina reiterou que aguarda as conclusões da auditoria à TAP, solicitada à IGF, para “daí tirar as conclusões que se impõe” e que passam por “assegurar a legalidade”.
Questionado pelo deputado do PSD Hugo Carneiro sobre o processo da futura reprivatização da TAP, o ministro apontou que “no seu tempo será conhecida”.
Lusa