Vários países, organizações e até empresas e marcas impuseram, nos últimos dias, sanções à Rússia que vão desde o congelamento dos ativos do Banco Central russo, à exclusão de bancos russos do sistema financeiro internacional, o Swift, ao corte de bancos russos com o sistema Swift ou o bloqueio de contas de oligarcas, passando pelo fim das extradições para aquele país ou até pela expulsão do país das ligas europeias de futebol.
As sanções crescem todos os dias e, apesar de Vladimir Putin já contar com o cenário, as suas consequências levaram o Presidente russo a mencioná-las hoje, durante uma reunião com membros femininos da tripulação de voo das companhias aéreas russas, transmitida pela televisão estatal.
“As sanções que estão a impor contra a Rússia são como uma declaração de guerra”, sublinhou, antes de referir também as consequências que pode ter a adesão da Ucrânia à NATO ( Organização do Tratado do Atlântico Norte, também conhecida como Aliança Atlântica).
“Começamos a falar cada vez mais ativamente sobre a possibilidade de a Ucrânia ser aceite na NATO. Entendem ao que isso pode levar?”, questionou o líder russo.
A condenação por Putin da expansão da NATO em direção aos países que considera a sua órbita de influência direta é assumida desde os anos 1990, tendo na altura sido feito um acordo tácito que, no entanto, nunca foi cumprido.
Hungria, Polónia e República Checa aderiram à NATO em 1999 e, cinco anos depois, a Bulgária, a Estónia, a Letónia, a Lituânia, a Roménia, a Eslováquia e a Eslovénia.
A seguir foi a vez da Albânia, Croácia, Montenegro e, em 2020, a República da Macedónia do Norte passou também a beneficiar da proteção da organização em caso de conflito com um país terceiro.
O pedido e as negociações para adesão da Ucrânia foram um dos principais focos de tensão com a Rússia e resultou, entre outras coisas, no avanço de Putin para o país, onde anexou a Crimeia em 2014.
A Rússia exige que a NATO se comprometa a nunca incluir a Ucrânia ou outros novos membros, a retirar as forças do leste europeu e a voltar ao número de membros que tinha no pós-Guerra Fria.
Hoje, durante a reunião, o Presidente russo repetiu algumas das justificações que deu para ter atacado a Ucrânia, no dia 24 de fevereiro, incluindo a defesa dos habitantes das regiões pró-Rússia de Donbass.
“Ouçam, as pessoas em Donbass não são cães vadios. Entre 13.000 e 14.000 pessoas morreram ao longo dos anos. Mais de 500 crianças foram mortas ou mutiladas. Mas o Ocidente optou por não perceber isso durante estes oito anos. Oito anos!”, sublinhou, numa referência à guerra iniciada em 2014 após a mudança de regime em Kiev e a anexação da Crimeia.
A Rússia lançou, na madrugada de 24 de fevereiro, uma ofensiva militar à Ucrânia e as autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças. Segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de 1,2 milhões de refugiados.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas para isolar ainda mais Moscovo.