"Os mísseis Kalibr destruíram a infraestrutura militar no porto de Odessa, com um ataque de alta precisão", escreveu Maria Zakharova na rede social Telegram.
Esta afirmação surge depois de o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, ter afirmado que os ataques destruíram a possibilidade de diálogo ou de um acordo com Moscovo.
No sábado, a Rússia negou a Ancara qualquer envolvimento nos ataques contra o porto ucraniano de Odessa, uma infraestrutura chave para a exportação de cereais pelo Mar Negro.
"Os russos disseram-nos que não tinham absolutamente nada a ver com este ataque e que estavam a analisar o assunto", disse o ministro da Defesa turco, Hulusi Akar.
Segundo o porta-voz da Força Aérea da Ucrânia, dois mísseis atingiram o território portuário de Odessa e outros dois foram intercetados por defesas antiaéreas antes de atingirem o alvo.
Os ataques denunciados pela Ucrânia suscitaram a condenação da União Europeia, dos EUA e da Organização das Nações Unidas (ONU), garantes do acordo alcançado na sexta-feira em Istambul para desbloquear a exportação de cerca de 25 milhões de toneladas de cereais presos nos portos do Mar Negro.
Numa cerimónia realizada no Palácio Dolmabahçe, na cidade turca de Istambul, com a parceria da Turquia e da ONU, foram assinados dois documentos – já que a Ucrânia recusou assinar o mesmo papel que a Rússia – devendo o acordo vigorar durante quatro meses, sendo, no entanto, renovável.
O Governo ucraniano acusou a Rússia de "cuspir na cara" da ONU e da Turquia com o ataque, e, num comunicado citado pelo portal oficial Ukrinfrom, de Kiev, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia afirma que a Rússia deve assumir "toda a responsabilidade" se o acordo alcançado na sexta-feira em Istambul, entre Kiev e Moscovo, for quebrado.
"É um ataque de Vladimir Putin ao secretário-geral da ONU, António Guterres, e ao Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan", sustenta o porta-voz do Ministério, Oleg Nikolenko, recordando o papel de Guterres e Erdogan enquanto supervisores do acordo.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou “inequivocamente” estes ataques.
"O secretário-geral condena inequivocamente os ataques relatados hoje no porto ucraniano de Odessa", declarou Guterres num comunicado, acrescentando que "a plena implementação (do acordo) pela Federação da Rússia, Ucrânia e Turquia é imperativa".
Também a União Europeia condenou o ataque.
"A UE condena veementemente o ataque com mísseis russos ao porto de Odessa. Atingir um alvo crucial para as exportações de cereais, um dia após a assinatura dos acordos de Istambul, é particularmente repreensível", escreveu o Alto-Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell, no seu perfil no Twitter.