“Todos sabem que uma terceira guerra mundial só pode ser nuclear, mas chamo a vossa atenção para o facto de que isto está na mente dos políticos ocidentais, não na mente dos russos”, disse Lavrov numa videoconferência de imprensa a partir de Moscovo, citado pela agência francesa AFP.
Lavrov referiu-se a comentários recentes dos seus homólogos francês, Jean-Yves Le Drian, e britânica, Liz Truss, sobre a dissuasão nuclear e o risco de guerra com a Rússia.
“Se algumas pessoas estão a planear uma verdadeira guerra contra nós, e eu penso que estão, deveriam pensar cuidadosamente”, disse Lavrov.
“Não deixaremos que ninguém nos desestabilize”, assegurou.
O Presidente russo, Vladimir Putin, anunciou, no domingo, que colocou em alerta o sistema de dissuasão nuclear do exército russo, uma decisão que suscitou inquietação em muitas capitais do mundo e declarações contra uma nova escalada.
Ao anunciar a intervenção militar russa na Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro, Putin também fez uma ameaça que foi interpretada como uma referência a armas nucleares.
“Quem nos tentar impedir, quanto mais criar uma ameaça ao nosso país, ao nosso povo, deve saber que a resposta da Rússia será imediata e infligirá consequências nunca vistas na sua história”, disse Putin, na altura.
Na conferência de imprensa, Lavrov acusou a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) de estar a tentar reforçar a segurança do Ocidente à custa da Rússia e comparou os Estados Unidos a Napoleão e Hitler.
“No passado, Napoleão e Hitler tinham um objetivo de subjugar a Europa. Agora, os norte-americanos fazem-no”, disse, citado pela televisão britânica BBC.
Lavrov acusou também os EUA de terem ordenado o cancelamento do gasoduto Nord Stream 2, que iria fornecer gás russo diretamente à Alemanha, considerando que isso “mostra o lugar” de subjugação da União Europeia (UE).
O chefe da diplomacia russa descreveu a questão ucraniana como um “filme de Hollywood” escrito pela comunicação social ocidental, em que a Rússia desempenha o papel de “mal supremo”.
Lavrov repetiu que o regime ucraniano é neonazi, um dos argumentos usados por Moscovo para justificar a invasão da Ucrânia.
Disse também que os ucranianos estão “agora a tentar usar civis como escudos humanos”.
Lavrov e Putin são duas das personalidades russas visadas nas sanções que a UE e muitos países decretaram contra a Rússia na sequência da invasão da Ucrânia.
A Rússia lançou no passado dia 24 uma ofensiva militar na Ucrânia com três frentes e recorrendo a forças terrestres e bombardeamentos em várias cidades.
As autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças. A ONU já deu conta de mais de um milhão de refugiados.
O Presidente russo, Vladimir Putin, justificou a “operação militar especial” na Ucrânia com a necessidade de desmilitarizar o país vizinho, afirmando ser a única maneira de a Rússia se defender e garantindo que a ofensiva durará o tempo necessário.