"Esta chamada permitiu ao Presidente da República [francês] defender a alternativa diplomática às operações militares, de dizer a verdade ao Presidente Putin de como vemos esta guerra e as suas consequências para a Rússia a longo prazo e esta conversa, infelizmente, serviu também para ouvir a determinação do Presidente russo para continuar esta operação militar até ao fim", afirmou hoje fonte do Eliseu aos jornalistas.
A chamada com o Palácio do Eliseu foi pedida por Moscovo e aconteceu hoje de manhã, tendo durado cerca de uma hora e meia. Os dois líderes continuam a tratar-se por tu, falam através de tradução simultânea e a conversa de hoje foi "concentrada, séria, difícil, mas estruturada", segundo fonte da presidência francesa.
Vladimir Putin disse que a chamada servia para informar o Presidente Emmanuel Macron de que a invasão da Ucrânia decorre como "previsto" e que se os ucranianos não aceitarem a desmilitarização e um estatuto neutro pela via diplomática, Moscovo "ia conseguir estes objetivos através da via militar".
Os argumentos como a desnazificação da Ucrânia continuaram a ser utilizados pelo dirigente russo, com Emmanuel Macron a argumentar que isso era uma mentira, como reiterou na noite de quinta-feira quando se dirigiu aos franceses.
O Presidente francês tentou alertar o seu homólogo russo que o seu país acabará "isolado, enfraquecido e a sofrer sanções durante muitos anos", tentando sensibilizar ainda para a situação humanitária na Ucrânia, pedindo para serem criados corredores seguros para a saída dos civis.
Putin terá respondido positivamente, sem fazer qualquer compromisso nesta questão, negando ainda qualquer bombardeamento contra civis.
Macron terá indicado que a conversa deu a entender que "o pior pode estar para acontecer" e que a Rússia ficará cada vez mais isolada.
O Presidente francês ligou a seguir a Volodymyr Zelensky com quem se mantém em contacto, tendo o dirigente ucraniano referido que a Ucrânia "não se vai render", embora as negociações prossigam hoje entre as duas representações na Bielorrússia.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar com três frentes na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamentos em várias cidades. As autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças, e, segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de milhão de refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.
O Presidente russo, Vladimir Putin, justificou a “operação militar especial” na Ucrânia com a necessidade de desmilitarizar o país vizinho, afirmando ser a única maneira de a Rússia se defender e garantindo que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional, e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas para isolar ainda mais Moscovo.