"Desta vez a ARM foi longe demais. Teve uma atitude criminosa, que configura um caso de justiça. Até prova em contrário, podem estar em causa crimes como abuso de poder, peculato e chantagem", diz a câmara municipal daquele concelho na zona oeste da ilha em comunicado assinado pela presidente, a socialista Célia Pessegueiro.
Em causa está uma decisão divulgada quarta-feira pela ARM – a empresa pública que desenvolve as suas atividades em alta em toda a Madeira, com exceção dos concelhos de São Vicente e Porto Moniz, e em baixa fornece aos consumidores finais dos cinco municípios aderentes: Câmara de Lobos, Machico, Porto Santo, Ribeira Brava e Santana.
A ARM informou ter "verificado, nas últimas semanas, um fornecimento de água muito acima do habitual a alguns reservatórios que abastecem o concelho da Ponta do Sol e informou este município para esta situação".
Segundo esta empresa, o problema deve-se "ao aumento de roturas e das perdas de água na rede de abastecimento municipal,", pelo que solicitou à câmara municipal que fossem "tomadas medidas com a máxima celeridade".
Entre outros aspetos, indicou que "os volumes que saem para a rede de distribuição são superiores aos que entram no reservatório, o que evidencia a existência de novas fugas (significativas) nas redes" e recomendou à autarquia "esforços no sentido de as identificar e reparar rapidamente".
Também mencionava que o abastecimento ao concelho da Ponta do Sol está dependente exclusivamente do sistema de abastecimento proveniente da Galeria das Rabaças, "cujo caudal é limitado, estando neste momento no limite da sua capacidade".
Hoje, o município da Ponta do Sol afirma que a ARM "cortou o fornecimento de água potável a parte das freguesias dos Canhas e Ponta do Sol, noutras zonas reduziu o caudal", assegurando que "não comunicou em momento algum" a decisão à autarquia
Na informação, a câmara municipal menciona que ao ser alertada para os "chamados consumo excessivos" foi para o terreno, visando "detetar fugas ou derrames ou roubos que explicassem as alegadas perdas de água que pudessem explicar as alegadas perdas".
"Não foram detetadas quaisquer fugas que justificassem esses alertas, o que significa que era um aumento no consumo, que está dentro dos valores do ano de 2019, quando houve um pico de turismo", assegura a presidência da câmara na mesma comunicação.
Também refere que o executivo municipal foi surpreendido ao início da noite de sexta-feira com o facto da " ARM ter deixado de fornecer água aos reservatórios do Lugar de Baixo e Levada do Poiso e reduzido substancialmente a quantidade fornecida nos restantes reservatórios do concelho".
"Fê-lo sem qualquer aviso e há evidências de que começou mais cedo", complementa, dizemdo terem constatado que, no Lugar de Baixo, o tanque estava vazio, "o que significa que a ARM já não fornecia água àquele tanque há vários dias", adiantando, entre outras situações, que o reservatório da Levada do Poiso " também foi alvo do corte silencioso de água".
Devido a esta situação "há bares e restaurantes encerrados por falta de fornecimento de água", afirma a autarquia.
O município considera que a ARM "está a tentar passar a responsabilidade da má gestão que faz da água para o concelho da Ponta do Sol" e de um problema nas galerias das Rabaças que a empresa, infraestrutura que explora há décadas,
Este problema levou o município a fechar os duches das praias – que são muito procuradas pela população da Madeira – os sistemas de rega automáticos, as casas de banho públicas não essenciais e apelou à população que limite o consumo de água ao essencial, declara o município pontassolense.