A preservação dos oceanos obriga os países a pensarem além das áreas de soberania e jurisdição, afirmou hoje a ministra do Mar, que prometeu uma declaração de compromissos "robusta e abrangente" da cimeira ministerial a decorrer hoje em Lisboa.
Ana Paula Vitorino sublinhou que "dependemos do oceanos para a nossa saúde e bem-estar", defendendo que os países só conseguirão limpar as suas próprias áreas marítimas se agirem para além delas.
"Temos de ter a coragem de ir mais além do que limpar o nosso quintal", ilustrou, apelando às 70 delegações presentes para que se empenhem em concretizar os compromissos internacionais que os seus países assumiram.
Ana Paula Vitorino apelou ainda à necessidade de "sociedades azuis" que consigam aproveitar os recursos oceânicos sem acabar por os destruir, seja pela exploração excessiva, pelos efeitos da poluição.
Portugal sabe bem isto, afirmou, por "97% do seu território ser espaço marítimo".
Também presente do fórum ‘Oceans Meeting’, o Comissário Europeu para a Investigação, Ciência e Inovação, Carlos Moedas, afirmou que as áreas que tutela são essenciais no objetivo de manter os mares saudáveis.
Como exemplo, citou um holandês de 23 anos que desenhou um método inovador de usar redes e as correntes marítimas para conseguir apanhar o plástico que polui os oceanos.
Daí surgiu uma solução para um problema que se estima que, pela tecnologia atual, levará 78.000 anos a resolver.
Outra estimativa preocupante é que a meio deste século, o peso de todo o plástico à deriva no mar ultrapassará o peso dos peixes que ainda nadarem nos oceanos.
Ana Paula Vitorino salientou que "só em diálogo com as populações, e tendo em atenção os Estados e regiões ultraperiféricos e ilhas, se pode garantir a sustentabilidade desse recurso que é o Oceano".
Na declaração que deverá ser divulgada ao fim da manhã, estarão ainda compromissos de partilha de conhecimento e inovação tecnológica, destacando o papel dos mares como "fonte de nova esperança" para o tratamento de doenças.
"Não há plano B para a saúde do nosso Planeta Azul" é outra ideia central às propostas da declaração.
A Madeira está representada neste encontro através da Secretária do Ambiente e Recursos Naturais, Susana Prada, que aproveitou a oportunidade para explicar os projetos e objetivos da Região em relação à política do mar.
A Secretária afirmou que a Madeira está a desenvolver projetos no domínio das espécies invasoras e dos plásticos, pretendendo transformar as Selvagens numa sentinela atlântica do estado ambiental das águas das correntes oceânicas.
Em matéria de conservação da natureza Susana Prada vincou que a Região está motivada em assegurar, até 2020, a criação e regulamentação de Áreas Marinhas Protegidas (AMP) em 10% do espaço marítimo nacional, indo, assim ao encontro do objetivo da Convenção para a Diversidade Biológica (CBD).
“O arquipélago da Madeira foi, é, e estamos a trabalhar para continuar a ser, a referência portuguesa em matéria de conservação da natureza”, reitera a governante.
O “Oceans Meeting”, fórum internacional sobre oceanos promovido pelo Governo português, começou quinta-feira em Lisboa, com a presença de delegações de mais de 50 países, incluindo 38 ministros e secretários de Estado.
O encontro, que termina hoje, tem por lema a saúde dos oceanos e a saúde humana e inclui uma reunião ministerial, uma conferência internacional com investigadores e sessões de contacto empresarial sobre inovação e sustentabilidade dos oceanos.
Com esta iniciativa, Portugal pretende mobilizar a comunidade internacional para a necessidade da preservação dos oceanos, envolvendo políticos, cientistas e empresas.
LUSA