De acordo com o projeto de resolução da Conferência Nacional, publicado na edição de hoje do "Avante!", o PCP assume o objetivo de reforçar a sua estrutura com “1.000 novos quadros, com destaque para operários e outros trabalhadores, jovens e mulheres, por tarefas regulares e organizações do partido” nos próximos dois anos.
A direção comunista considera que colocar “nas mãos de mais militantes a responsabilidade” e o papel de “protagonistas e construtores” vai levar ao “aperfeiçoamento do estilo de trabalho” e a uma “mais ampla ação” do partido.
O recrutamento de mais militantes faz parte de um esforço para reestruturar o PCP e contrariar a “ofensiva antidemocrática, com forte pendor anticomunista” – uma das justificações apontadas para o declínio eleitoral do partido que foi amplamente verbalizada por dirigentes nos últimos anos.
Apesar daquilo que considerou ser uma “extraordinária resposta dada pelo coletivo partidário nos últimos anos que assegurou não apenas o funcionamento da organização no seu todo, mas também a intervenção política”, o PCP perdeu praticamente metade dos deputados em dois anos (elegeu dez nas legislativas de 2019, mas ficou reduzido a seis nas eleições antecipadas de janeiro deste ano).
O desenvolvimento e intensificação da “luta dos trabalhadores e das massas populares”, através do trabalho de proximidade com as estruturas sindicais, nomeadamente a CGTP, também faz parte do objetivo de alcançar a “política alternativa, patriótica e de esquerda” – expressão quase sempre presente nas intervenções do secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa – que o partido preconiza.
Ao longo das 16 páginas que compõem o projeto de resolução da conferência, o PCP enaltece a importância de dinamizar os jornais de propaganda do partido – o “Avante!” e “O Militante” – assim como a necessidade de assegurar a independência financeira.
A Conferência Nacional do PCP vai realizar-se entre 12 e 13 de novembro no Pavilhão do Alto do Moinho, em Corroios, no concelho do Seixal, distrito de Setúbal.
É a quarta vez que o partido recorre a este modelo de auscultação dos militantes, com o propósito de se reenquadrar na realidade do país. A conferência deste ano, intitulada "Tomar a iniciativa, reforçar o partido, responder às novas exigências", vai abordar os contextos nacional – a maioria absoluta do PS e o aumento do custo de vida – e internacional – a incerteza quanto à reorganização do quadro geopolítico, a expansão da NATO e o que os comunistas consideram ser a “política de confrontação” contra a Rússia e a China.