Numa breve declaração à Lusa, Paulo Neves afirmou não querer alimentar a atual polémica que se gerou à volta das viagens dos deputados insulares "enquanto a Subcomissão de Ética não se pronunciar sobre esta mesma matéria".
Em causa está a eventual duplicação de apoios pagos a deputados eleitos pelos Açores e Madeira nas suas deslocações entre as regiões autónomas e o continente, noticiada no sábado pelo semanário Expresso, e que levou já o Grupo Parlamentar do PSD a pedir um parecer urgente à Subcomissão de Ética da Assembleia da República.
Sara Madruga, também eleita pelo círculo da Madeira, tomou uma posição diferente da de Paulo Neves e prometeu já "devolver as verbas recebidas" pelas viagens entre as ilhas e o continente.
Em comunicado divulgado na segunda-feira à noite, Sara Madruga começa por afirmar que nunca teve a "prática regular de receber o subsídio de mobilidade de todas as viagens" que realizou, "nem pouco mais ao menos", até porque sempre teve "dúvidas sobre o seu acerto".
No entanto, relativamente aos apoios que recebeu, a deputada do PSD disse ir devolvê-los por uma "questão de consciência".
Sara Madruga da Costa sublinhou que agiu de acordo com aquilo que entendia ser a lei, embora reconhecendo, "com toda a humildade, que tal possa ser eticamente questionável".
"A Assembleia da República paga a todos os deputados um apoio que é calculado em função da distância do local de residência de cada um", um montante que é "pago a todos os deputados não residentes em Lisboa", salientou ainda a deputada do PSD.
Na segunda-feira, o deputado do BE Paulino Ascensão, também eleito pela Madeira, renunciou ao seu mandato de deputado na sequência deste caso.
Paulino Ascensão era um dos visados pela notícia do semanário Expresso sobre os abonos para deslocações dos eleitos pelas regiões autónomas.
O PSD requereu que a Subcomissão de Ética se pronuncie "com caráter de urgência" sobre a eventual duplicação de apoios pagos, num rol de nomes que inclui parlamentares de PSD e PS, nomeadamente o presidente e líder da bancada socialista, Carlos César.
Também hoje, o secretário-geral comunista afirmou caber a cada deputado uma posição sobre "valores e princípios" com que desempenham a respetiva missão.
"Mais do que comissões de ética, projetos de lei ou iniciativas legislativas, está nas mãos de cada um assumir esses valores e princípios e a forma de estar na Assembleia da República", afirmou Jerónimo de Sousa.
LUSA