“Acho absolutamente lamentáveis as declarações do presidente do Governo [Regional da Madeira] e do PSD/Madeira, que dirigiu à minha pessoa e à minha ida a Lisboa que só significam o vazio de ideias e o querer continuar a mandar bocas sem resolver os problemas”, afirmou Paulo Cafôfo aos jornalistas, à margem de uma conferência sobre o Plano Diretor Municipal do Funchal (PDM).
A notícia sobre a deslocação a Lisboa do autarca, que é o candidato anunciado pelo líder do PS do arquipélago a presidente do Governo Regional nas eleições regionais de 2019, foi avançada hoje pelo matutino JM-Madeira.
Fonte do gabinete do presidente da Câmara do Funchal (coligação Confiança – PS/BE/JPP/PDR/Nós, Cidadãos!) disse à agência Lusa que esta reunião acontece na sexta-feira e foi concertada entre Paulo Cafôfo e António Costa, tendo um caráter “privado”, sem a convocação da comunicação social, pelo que não consta da agenda do primeiro-ministro para sexta-feira.
Comentando esta reunião, o presidente do governo madeirense, Miguel Albuquerque, afirmou que este é um "anúncio de circo" e "patético", opinando que os problemas pendentes com a República são de “âmbito regional” e não podem ser resolvidos por um presidente de um município.
"Isto é patético. Estes ‘dossiês’ já estão todos entregues no Governo da República há dois anos e o que é preciso é resolvê-los e não fazer números", acrescentou o governante insular.
Miguel Albuquerque sustentou que os madeirenses e porto-santenses vão assistir doravante a "exercícios de cinismo e hipocrisia" que vão meter "contorcionistas, malabaristas, engolidores de sapo e possivelmente palhaços".
Para o presidente do Governo Regional, as questões pendentes entre a região e a República "não são resolvidas porque o primeiro-ministro, e o atual Governo, não quer resolver porque está a agir em função de uma agenda partidária eleitoral no sentido de o PS, a nível nacional, tomar o poder na Madeira".
Respondendo a estas críticas, o presidente da Câmara do Funchal sublinhou que vai a Lisboa na sexta-feira para “trabalhar e dialogar na procura de consensos a problemas que afetam a Madeira e os madeirenses, e que só podem ser resolvidos pelo Governo da República e pelo Governo Regional”.
“Eu acredito que tenho influência, que pode ser útil para que estes problemas que afetam [os madeirenses] possam ser resolvidos”, complementou.
Paulo Cafôfo realçou ainda que não pode ficar “indiferente” e que tem um “imperativo de consciência e dever cívico de poder tentar ajudar”.
No seu entender, “todos são necessários e importantes quando se trata da Madeira e dos problemas que afetam os madeirenses”.
Também opinou que a posição de Miguel Albuquerque, “na verdade, representa que é uma força de bloqueio que quer só aumentar o contencioso que não serve os madeirenses”.
“Esta guerrilha, este belicismo não resolve os seus problemas”, salientou.
Paulo Cafôfo assegurou ainda que não vai ficar “nem quieto, nem calado, quando se trata de defender a Madeira e os madeirenses”, declarando estar disposto a ir “até às últimas consequências”.
“Vou tentar fazer o melhor que posso para que a Madeira e os madeirenses possam sair beneficiados de uma contenda e diferendo”, realçou.
Segundo o autarca, entre a região e a República “são vários dossiês que precisam de ter rumo e solução”.
“Acredito que a solução é possível, haja vontade política da parte do Governo da República e do Governo Regional. O que não podemos é estar simplesmente com queixinhas, com lamúrias, com acusações aos outros sem apresentar soluções", sublinhou.
LUSA