"Sabemos que hoje muitos estão a morrer nos campos de batalha interna. A Igreja reza para que esta batalha termine o mais rápido possível, para que o menor número possível de irmãos se mate nesta guerra fratricida", disse o patriarca russo num sermão proferido no domingo à noite, citado pela agência de notícias RIA Novosti.
Cirilo acrescentou que a Igreja Ortodoxa Russa "percebe que se alguém, movido por um sentido de dever, pela necessidade de cumprir o seu juramento, permanece fiel à sua vocação e faz o que pensa ser o seu dever e se, no cumprimento deste dever, essa pessoa morre, então, sem dúvida, comete um ato equivalente a um sacrifício pelos outros".
"Acreditamos que este sacrifício lava todos os pecados que uma pessoa cometeu", disse o patriarca russo, que também rezou pelo fim rápido da "batalha interna" na Ucrânia e pela vitória da Rússia.
“A Igreja, que exerce o seu ministério pastoral em relação aos povos da Rússia, Ucrânia, Bielorrússia e tantos outros povos na imensidão da Rússia histórica, hoje sofre especialmente e reza especialmente pelo fim imediato das lutas internas”, disse.
Cirilo também rezou pelo "triunfo da justiça, porque sem justiça não pode haver paz duradoura, pelo restabelecimento da comunhão fraterna, pela superação de tudo o que se acumulou ao longo dos anos e que levou a este conflito sangrento".
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas – mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,4 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 5.916 civis mortos e 8.616 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
Lusa