O projeto de construção do novo hospital da Madeira foi “longo e penoso”, mas agora “ninguém o vai conseguir parar, nem mesmo o primeiro-ministro”, disse hoje o secretário da Saúde do arquipélago.
Pedro Ramos discursava na 2.ª comissão da especialidade de Economia, Finanças e Turismo da Assembleia Legislativa da Madeira, no debate do Orçamento e Plano apresentado pelo Governo Regional para 2019.
O responsável salientou que, “nos últimos quatro anos, o investimento na saúde correspondeu a um verdadeiro orçamento regional”, tendo sido paga parte de uma dívida de cerca de 400 milhões de euros, que se situa agora em 198 milhões de euros.
“Não queremos ter a imagem que a geringonça dá ao país na saúde e na proteção civil” declarou, acrescentando que a região teve também “o engenho para dar resposta aos emigrantes da Venezuela” nesta área.
Pedro Ramos apontou que a saúde tem “uma situação singular” na região e lembrou que o executivo madeirense apostou na formação, no melhoramento de equipamentos melhorados, no aumento de recursos humanos, em dar “melhor e mais respostas” e no acréscimo da taxa de cobertura para 70% dos cuidados de saúde primários, entre outros aspetos.
O vice-presidente do Governo Regional, Pedro Calado, interveio para explicar que as despesas no Orçamento Regional do próximo ano (OR/2019) para a área da saúde apresentam um crescimento de 17,3% (55 milhões de euros), passando de 317 milhões de euros para 372 milhões de euros.
“A única coisa que reduz são cinco milhões de euros de encargos assumidos e não pagos do ano anterior”, referiu, mencionando que a este valor está associado um montante de seis milhões de euros que se encontra inscrito na secretaria do Equipamento e Infraestruturas, destinado ao projeto do novo hospital.
O secretário da Saúde madeirense assegurou que vai continuar a existir uma aposta na “contratualização para todos os grupos de profissionais de acordo com a sustentabilidade do Serviço Regional de Saúde (SESARAM)”.
Pedro Ramos defendeu ainda uma “melhor articulação com o Serviço Nacional de Saúde e com as estruturas nacionais”, admitindo que o Governo Regional “está preocupado com decisões políticas recentes e extemporâneas”.
O secretário assegurou que a acusação de “falta de médicos de família na área pediátrica é uma falácia” e que “não há situações de precariedade no SESARAM”.
Questionado sobre o problema das listas de espera para cirurgias, Pedro Ramos respondeu que a situação “está em constante melhoria”, adiantando ser um caso transversal à falta de anestesistas, uma lacuna semelhante a nível nacional, sendo precisos 500 profissionais.
O governante referiu ainda que “55% das intervenções na área da oncologia estão resolvidas” e indicou que realizam-se atualmente “uma média de 50 operações às cataratas por semana” na região.
O médico mencionou que, por ano, são operadas 10 mil pessoas por ano na Madeira, inscrevem-se no serviço regional de saúde 6.500 utentes e efetuam-se 200 mil consultas de várias especialidades.
“A solução para lista de espera nem o Governo da geringonça nacional (PS, PCP, BE) tem”, sublinhou.
Quanto ao problema das altas problemáticas [pessoas abandonadas nos hospitais], o governante opinou que “as autarquias no futuro vão ter de participar e ter responsabilidade neste processo”.
Sobre a promessa de contratação de 400 enfermeiros para o SESARAM, Pedro Ramos disse que faltam contratar “160 para cumprir essa meta”, acrescentando que está previsto dotar o serviço também de outros técnicos diagnóstico e diferentes profissionais.
O responsável anunciou que a carta de equipamentos da saúde na Madeira “está pronta”, sendo um “ótimo instrumento e gestão para os próximos anos” e será anunciada em breve pelo presidente do executivo insular.
O Orçamento da Madeira para 2019, na ordem de 1.928 ME e o Plano de Investimentos de 680 ME, foram aprovados terça-feira com os votos favoráveis do PSD, abstenção do CDS e contra dos restantes partidos da oposição (PS, JPP, BE, PCP, PTP e deputado independente).
C/LUSA