“Não nos sentimos confortáveis por o deputado Miguel Arruda se sentar ao lado dos deputados do Chega […], não posso responder pelo meu grupo parlamentar e pelo que possa acontecer nesta sessão plenária”, declarou esta sexta-feira o chefe da bancada parlamentar do partido liderado por André Ventura, em protesto contra o lugar atribuído ao agora deputado não inscrito.
O presidente da Assembleia da República anunciou que o deputado eleito pelo Chega Miguel Arruda passou a não inscrito, com lugar, para já, na última fila entre as bancadas do Chega e do PSD, tal como aconteceu em outras situações semelhantes. Aguiar-Branco remeteu uma decisão final para a conferência de líderes.
Apesar disso, o líder parlamentar do Chega protestou, avisando que não se responsabilizaria pelo que se poderia passar durante o plenário. Pedro Pinto lamentou que o regimento permita a passagem de um deputado a não inscrito, defendendo que essa matéria seja incluída numa revisão constitucional. Acusou ainda Miguel Arruda de ter desrespeitado o partido, o grupo parlamentar e a Assembleia da República.O dirigente do Livre, Rui Tavares, pediu que fosse distribuída esta intervenção de Pedro Pinto e disse que “a sua mala ficava bem agarrada”, numa referência à suspeita de furto de malas de que é alvo Miguel Arruda.
Num primeiro momento, o presidente da Assembleia da República manteve a decisão da Mesa, mas acabou por interromper os trabalhos por cinco minutos, pedindo que os líderes parlamentares se deslocassem ao seu gabinete.
Quando regressaram ao hemiciclo, Aguiar-Branco entrou imediatamente na ordem de trabalhos prevista para a sessão plenária desta sexta-feira e o deputado Miguel Arruda ocupou o lugar inicialmente previsto.
O presidente do Chega, André Ventura, e Miguel Arruda estiveram reunidos na quinta-feira no Parlamento e, no final, o deputado anunciou a sua desfiliação do Chega e a passagem a não inscrito, mantendo o lugar na Assembleia da República.
Já Ventura considerou que as explicações dadas por Miguel Arruda “não são esclarecedoras”, dizendo que, para continuar vinculado ao Chega, o deputado teria de ter suspendido ou renunciado ao mandato.
Com a passagem de Miguel Arruda a deputado não inscrito, o Grupo Parlamentar do Chega passa de 50 para 49 deputados.
c/ Lusa