Edi Rama, que falava com um grupo de jornalistas portugueses em Tirana, foi buscar o nome do ex-primeiro-ministro português e presidente eleito do Conselho Europeu na resposta a uma pergunta sobre como conciliava a sua ideologia socialista com o acordo de transferência de migrantes assinado com o Governo italiano de coligação de direita e extrema-direita de Giorgia Meloni.
“Oiça, abre aqui uma discussão que pode ser impossível acabar até amanhã, porque eu não faço ideia do que quer dizer ser socialista atualmente. No que sou diferente de muitos dos meus camaradas”, começou por dizer.
“Não penso da mesma maneira que muitos camaradas na família socialista alargada, a maioria dos quais perderam e não são capazes de vencer [eleitoralmente]. Eu não penso que um bom perdedor seja uma boa alternativa à direita, penso que devemos vencer e fazer”, defendeu.
Edi Rama disse não acreditar numa “política baseada em ideologia, ou que a ideologia determina o que não funciona ou nos faça recusar o que funciona”, afirmando-se “um produto da Terceira Via, do Novo ‘Labour’, do ‘Neue Mitte’ na Alemanha, esse tipo de socialismo”.
“Dito isto, acredito no socialismo de António Costa, por exemplo. Ele é ótimo, é fantástico”, afirmou.
E, “a propósito”, “há três razões pelas quais gosto muito de Portugal”, prosseguiu.
A primeira é José Mourinho, que “é para mim há muito tempo um exemplo de liderança”.
A segunda, continuou, é a arquitetura e os arquitetos portugueses, disse, referindo Álvaro Siza, Eduardo Souto de Moura e outros arquitetos mais jovens, cujo gabinete de arquitetura ganhou, em março de 2023, o concurso internacional para projetar a sede de um canal de televisão em Tirana: “São extraordinários”.
“E a terceira razão é António Costa, que tive oportunidade de conhecer e que aprecio enormemente”, disse.
“António é um ser humano em quem sentimos a alma, o sangue, o cérebro e a atitude”, precisou.
Lusa