"A atribuição desta medalha a vossa excelência é um merecido reconhecimento a um homem com virtudes e defeitos, como todos nós, que ficará na História da nossa região como o grande combatente pela autonomia e impulsionador do progresso das nossas ilhas", disse, acrescentando que a distinção “é insuficiente para premiar e honrar o seu legado em prol da Madeira, dos madeirenses e da autonomia, pelos quais lutou com abnegado esforço e dedicação".
O ex-presidente do Governo Regional (1978-2015), pelo PSD, foi hoje distinguido com o mais alto galardão da região – a Medalha de Mérito -, o único da competência exclusiva da Assembleia Legislativa da Madeira.
Tranquada Gomes lembrou, a propósito, que "a deliberação da Comissão Permanente, tomada por ampla maioria, foi confirmada pelo plenário, igualmente com expressiva maioria”.
O presidente da assembleia (na qual o PSD tem maioria) considerou o ex-governante uma "figura incontornável não só da vida política regional, como da portuguesa, com relevante e prestigiante trabalho em instituições europeias".
Sublinhando que "há um tempo antes de Alberto João e um tempo depois" e que "nada ficou como antes" após a sua governação, Tranquada Gomes recordou que Alberto João Jardim "fez aquilo que apelidou de revolução tranquila, sempre legitimado pelo voto popular e com o entusiasmo da primeira hora".
"Tomou nas suas mãos o destino da Madeira, então uma das regiões menos desenvolvida do país e da Europa, para a tornar uma das mais desenvolvidas", disse, referindo que o trabalho é reconhecido também por adversários de Jardim.
Em causa está, sublinhou, um “desenvolvimento estrutural feito pelos seus governos, transversal a todos os setores económicos e sociais, que permitiu criar uma classe média antes inexistente, retirar pessoas da pobreza extrema, extinguir o regime feudal de colónia, proceder a uma profunda reforma do ensino e da saúde, dinamizar a economia e apostar na educação, no desporto e nas artes".
O responsável destacou a construção de infraestruturas aeroportuárias, portuárias e rodoviárias.
Tranquada Gomes lembrou que Alberto João Jardim foi também polémico e fiel ao seu estilo de sempre: "Assumir o confronto, clarificar posicionamentos, reivindicar os direitos dos madeirenses, mesmo que, pela intensidade com que o fazia, ganhasse novos adversários e incompreensões".
Em 10 de junho de 2014, Dia de Portugal, ao cumprir 13.310 dias de poder desde que assumira a presidência do Governo Regional (17 de março de 1976, Alberto João Jardim) tornou-se no político português com mais tempo no executivo desde 1910, ultrapassando Oliveira Salazar.
O ex-presidente do Governo regional nasceu em 1943, é licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra e foi, entre outros cargos, professor, jornalista, dirigente cooperativo, cofundador do PPD. Presidiu, entre 1987 e 1996, à Conferência das Regiões Periféricas e Marítimas da União Europeia e recebeu várias condecorações e distinções pela sua vida política.
A cerimónia de hoje, com cerca de 500 convidados, contou com as presenças do representante da República no arquipélago, do presidente do Governo Regional, do bispo do Funchal e de deputados regionais e na Assembleia da República, entre os quais João Soares, em representação da Delegação da Comissão de Defesa Nacional, que se encontra em visita de trabalho à Região.
LUSA