Na sessão de apresentação do programa de comemorações do centenário de Mário Soares, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa descreveu o fundador e primeiro líder do PS como “o mais popular de todos” os presidentes eleitos em Portugal, assinalando que foi o que “teve mais votos”.
Esta sessão teve lugar na Escola Básica Maria Barroso, atriz, fundadora do PS e mulher de Mário Soares, a quem o Presidente da República também atribuiu mérito pela liberdade que hoje existe em Portugal, pedindo palmas para os dois e para os filhos, Isabel e João, presentes na sala.
Perante dezenas de alunos desta escola, do Jardim de Infância ao 4.º ano, o chefe de Estado procurou explicar-lhes como são livres, hoje, em Portugal, e contou-lhes que antigamente quem tinha “pais com menos dinheiro” não ia para a escola ou não podia estudar tantos anos, “isto para perceberem por que é que Mário Soares foi importante”.
Marcelo Rebelo de Sousa – que por momentos se sentou no meio crianças, mas teve de se levantar dada a confusão que isso provocou – disse-lhes que são livres “quando jogam à bola, quando andam de bicicleta, quando jogam com joguinhos, quando vão passear com a família ou com os amigos”, porque “escolhem o que querem”.
“Ser livre é isso: é vocês mais tarde escolherem serem médicos, ou serem trabalhadores numa oficina, ou serem advogados como Mário Soares, ou fazerem teatro como Maria Barroso, fazerem o que quiserem. E isso, essa liberdade, o poder escolher não havia em Portugal durante muitos, muitos anos”, prosseguiu.
O Presidente da República realçou, depois, que cada pessoa é diferente, para concluir: “Chama-se a isto poder ser livre, poder ser diferente, poder escolher a sua vida. E isso, meninas e meninos, nós devemos muito, muito, muito à Maria Barroso e ao Mário Soares. Eles passaram a vida deles a lutar por isso”.
A meio desta sessão, um passarinho irrompeu pela sala a voar, o que levou Marcelo Rebelo de Sousa a observar: “Isto não podia ser mais bem montado”.
Quando o passarinho encontrou uma saída, acrescentou: “Meninas e meninos, o passarinho também é livre. Veio cá cumprimentar-vos, dizer adeus aos meninos e depois foi-se embora”.
Nesta aula sobre Mário Soares e a liberdade, o chefe de Estado referiu-se à censura que a imprensa enfrentava no tempo da ditadura, “havia uns senhores que tinham o direito de cortar com uma tesoura”, e recordou que ali ao lado, no Largo da Boa Hora, estava “o tribunal onde se julgava aqueles que pensavam de forma diferente”.
“Nós saímos da ditadura para a democracia por causa de pessoas como Mário Soares e Maria Barroso”, afirmou.
No fim da sua intervenção, Marcelo Rebelo de Sousa pôs as crianças a exclamar repetidas vezes o lema de campanha “Soares é fixe” e também “Maria Barroso é fixe”.
Nesta sessão, a escritora Luísa Ducla Soares apresentou o livro de literatura infantil “Mário Soares: No caminho da liberdade”.
A comissão organizadora das comemorações do centenário de Mário Soares tem como coordenador José Manuel dos Santos.
As comemorações terão início em 07 de dezembro, dia do nascimento de Mário Soares, e prosseguirão até fim de 2025, ligadas às celebrações dos 50 anos do 25 de Abril e dos cem anos do nascimento de Maria Barroso.
Mário Soares nasceu em 07 de dezembro de 1924, em Lisboa, e morreu em 07 de janeiro de 2017, aos 92 anos, em Lisboa.
Advogado, combateu a ditadura do Estado Novo, foi fundador e primeiro líder do PS. Regressado do exílio, em França, após o 25 de Abril de 1974, foi ministro dos Negócios Estrangeiros, primeiro-ministro e Presidente da República, durante dois mandatos, entre 1986 e 1996.
Lusa