Em declarações aos jornalistas na Bolsa de Turismo de Lisboa, que está a visitar acompanhado pela ministra brasileira do Turismo, Daniela Carneiro, Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado se, no seu contacto com a governante brasileira, tentou "adocicar" as relações Portugal-Brasil após a polémica envolvendo o Presidente do Brasil, Luiz Inácio ‘Lula’ da Silva.
“Com o Brasil a relações são sempre doces, sempre: o Brasil é doce, Portugal é doce. E as relações políticas e diplomáticas são dulcíssimas, quer dizer é o superlativo de doce, são muito, muito, muito doces e muito boas”, respondeu.
O presidente do parlamento, Augusto Santos Silva, anunciou hoje que a Assembleia da República vai organizar uma sessão solene de boas-vindas ao Presidente brasileiro, Lula da Silva, depois de ter chegado a ser divulgado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros que o chefe de Estado brasileiro interviria na sessão solene do 25 de Abril.
Santos Silva indicou ainda que os pormenores, como a data da sessão de boas-vindas, em que Lula da Silva discursará, ainda vão ser estabelecidos.
Marcelo Rebelo de Sousa disse não ter dúvidas de que “haverá uma visita muito bem-sucedida do Presidente do Brasil a Portugal” e antecipou que o programa dessa visita vai ser “muito rico e muito variado”, com a entrega do prémio Camões ao músico Chico Buarque.
“Vamos ter naturalmente uma cimeira entre o Governo português e o Governo presidido pelo Presidente que é executivo brasileiro, vamos ter contactos vários e interessantes, importantes”, frisou.
Questionado se espera que possa haver um consenso sobre o discurso de Lula da Silva na Assembleia da República para impedir que haja manifestações, o chefe de Estado respondeu que, “em democracia, há sempre quem goste e quem não goste”.
“Faz parte da lógica da democracia, mas há uma coisa que está acima das questões meramente de partido, de opinião, de pontos de vista, que é a relação entre as pátrias e os Estados e, portanto, quando se trata da relação entre Brasil e Portugal, Portugal e Brasil, entre o chefe de Estado brasileiro e Portugal, o chefe de Estado português e o Brasil, está acima de tudo”, referiu.
O Presidente da República recordou designadamente a sua visita ao Brasil em julho de 2022, quando se encontrou com Lula da Silva – na altura candidato às eleições presidenciais brasileiras – o que levou o então chefe de Estado brasileiro, Jair Bolsonaro, a cancelar o seu encontro com Marcelo Rebelo de Sousa.
“Houve momentos em que muito se especulou, durante a minha estada no Brasil, sobre as relações entre os países e, no entanto, não ouviram da minha boca nenhuma palavra que não fosse sempre de consideração pelo Brasil e pelo povo brasileiro”, referiu.
Interrogado sobre quem é que convidou Lula da Silva para vir a Portugal, o Presidente da República recordou que, “quem convida um chefe de Estado a visitar o seu Estado é o chefe de Estado”.
“Portanto, eu convidei o Presidente recém-eleito a visitar Portugal, e o momento encontrado como possível era o ser Portugal – tal como tinha sido o primeiro país a ter uma visita do Presidente eleito antes da posse – ser o primeiro país na Europa a ser visitado em abril”, salientou.
O presidente da Assembleia da República revelou que a sua proposta para uma sessão solene de boas-vindas a Lula da Silva obteve um “consenso muito grande” na conferência de líderes, e que apenas um partido se opôs.
Posteriormente, Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado sobre o que acha da decisão da Assembleia da República, tendo respondido: “Eu ainda não conheço a versão definitiva, mas, depois de falar com o presidente do parlamento, eu digo”.
“Vamos ver como são os pormenores”, frisou.
Durante a visita aos pavilhões da BTL, os jornalistas questionaram ainda a ministra brasileira do Turismo sobre esta polémica, mas Daniela Carneiro respondeu que não está a acompanhar o assunto.
“O Presidente Lula é muito habilidoso, ele é amigo de todos os países, ele está-se aproximando, principalmente em relação ao diálogo. Brevemente ele estará aqui, com certeza com o Presidente [português]. Vamos juntos”, disse.
Lusa