Sancho Gomes referiu que residem na Madeira cerca de oito mil antigos emigrantes e "é natural que a esmagadora maioria deles possua capacidade eletiva, porque são portugueses e adultos, apenas uma minoria de venezuelanos poderá não ter ainda essa faculdade".
"A grande maioria é portuguesa e tem capacidade eletiva – nós estimamos que sejam entre cinco e seis mil emigrantes", especificou.
O diretor regional das Comunidades recordou que o recenseamento eleitoral é automático: “Basta que as pessoas façam o cartão do cidadão ou bilhete de identidade para ganharem capacidade eletiva, porque, agora, não têm de fazer recenseamento eleitoral junto das respetivas juntas de freguesia".
Porém, acrescentou, “a grande parte dos emigrantes já chega” à Madeira com essa possibilidade, bastando apenas mudar a residência para a sua morada na região.
Entre os ex-emigrantes não há apenas quem queira votar, mas também quem pretenda ser eleito.
Carlos Fernández, candidato do PSD, é um lusodescendente que regressou há dois anos e meio à Madeira, depois de perseguições por parte da polícia venezuelana devido à sua atividade política.
Chegou a ser candidato pelo partido Primeiro Justiça a vereador no município de Caucagua.
"Aguentei até 2017, quando uns amigos meus foram detidos e outros tiveram de fugir do país", conta o advogado, que não pode exercer em Portugal devido à falta de equivalências da sua formação.
"Depois de ter trabalhado num bar no Funchal a vender cafés, a lavar pratos e a trabalhar na copa, passei para uma padaria, ocasião em que resolvi ingressar na vida política da região pelo PSD", acrescenta.
Hoje é o candidato número 10 da lista do PSD às legislativas regionais.
"Acho muito importante que os emigrantes tenham os seus representantes no parlamento regional. Infelizmente, constitucionalmente, não existe um circulo eleitoral para os emigrantes nas eleições para a Assembleia Legislativa da Madeira, ao contrário do que existe para as eleições para a Assembleia da República", critica, assegurando que vai ser o representante dos emigrantes, e não apenas dos regressados da Venezuela, no hemiciclo regional.
Roger Teixeira, outro lusodescendente regressado da Venezuela há cerca de um ano, mantém negócios naquele país nas áreas de hotelaria, restauração e assessoria jurídica, "mas estão paralisados". Agora, é candidato pelo PTP, em sétimo lugar, às eleições madeirenses.
"Não sei se vou ser eleito, não sou ambicioso, mas se for para o parlamento é para ajudar todos os emigrantes. O mundo é de todos e não só de uma comunidade", afirma.
No seu entender, "cada um deve estar pronto para ajudar o próximo e corrigir, no que à política diz respeito, os erros que existem".
Às eleições legislativas regionais de 22 de setembro concorrem 17 listas: PDR, CHEGA, PNR, BE, PS, PAN, Aliança, Partido da Terra-MPT, PCTP/MRPP, PPD/PSD, Iniciativa Liberal, PTP, PURP, CDS-PP, CDU (PCP/PEV), JPP e RIR.
C/Lusa