De acordo com a secretaria-geral do PSD, os militantes com quotas pagas até ao fecho dos cadernos eleitorais (15 de dezembro) e que poderão votar nas próximas eleições são 70.385, universo eleitoral semelhante ao de outras directas em que houve disputa.
O antigo primeiro-ministro Pedro Santana Lopes irá votar e acompanhar os resultados eleitorais em Lisboa, enquanto o ex-presidente da Câmara do Porto Rui Rio votará e passará a noite eleitoral na cidade onde foi autarca.
A campanha, que oficialmente começou em 02 de janeiro, mas que se estende desde meados de outubro, ficou marcada pelo passado, com Rui Rio a recordar como “trapalhadas” os episódios do governo liderado por Pedro Santana Lopes, entre 2004 e 2005, e a questionar se os portugueses lhe darão “uma segunda oportunidade” como primeiro-ministro.
Já Santana Lopes tem criticado o seu adversário sobretudo pelas posições em relação ao Governo, acusando-o de atacar mais o PSD do que o PS, de ser “um gémeo siamês” de António Costa e de querer ser “muleta” de um eventual futuro executivo minoritário socialista.
Rui Rio já admitiu viabilizar um eventual governo minoritário do PS para retirar PCP e BE da “esfera do poder”, salientando que sempre foi essa a tradição democrática antes da atual solução governativa. Sobre este ponto, Santana recusa apoios ou acordos com qualquer executivo liderado por António Costa, dizendo que terá de ser o PS a restaurar a prática constitucional de “quem ganha eleições governa”.
Na economia, não têm sido visíveis as diferenças entre os dois candidatos, ao contrário da Justiça, em que Rui Rio tem uma visão mais crítica e chegou a fazer um “balanço negativo” do mandato do Ministério Público. Santana Lopes defendeu a recondução da atual procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal, enquanto Rui Rio preferiu não se comprometer e disse concordar com o Presidente da República que este é, por enquanto, um “não assunto”.
Depois da polémica sobre a realização dos debates, os candidatos acabaram por fazer três: dois na televisão, RTP e TVI, e um nas rádios (TSF e Antena 1), tendo o primeiro sido claramente o frente a frente mais tenso e agressivo entre ambos.
Entre os chamados notáveis do partido, Rui Rio conta com o apoio dos ex-líderes Francisco Pinto Balsemão e Manuela Ferreira Leite, de dois ex-presidentes dos Governos Regionais da Madeira e Açores, Alberto João Jardim e Mota Amaral, e de vários ex-ministros como Ângelo Correia, Silva Peneda, Ferreira do Amaral, Miguel Cadilhe, Morais Sarmento ou Henrique Chaves e vários ‘cavaquistas’.
Rui Rio teve, aliás, durante a campanha um encontro com o ex-Presidente da República Cavaco Silva, com quem quis partilhar ideias sobre “a situação do país”.
Já Santana Lopes tem entre os apoiantes o ex-líder e antigo ministro dos Negócios Estrangeiros de Passos Coelho Rui Machete, o líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, o ex-presidente da bancada social-democrata Luís Montenegro, os ex-ministros Miguel Relvas, Álvaro Barreto ou Martins da Cruz, o líder da Juventude Social-Democrata Simão Ribeiro ou a vice-presidente do PSD Teresa Morais.
Antes de anunciar a candidatura, Santana encontrou-se com o atual chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, uma audiência previamente marcada para falar sobre a Santa Casa da Misericórdia.
No sábado, as eleições diretas vão decorrer entre as 14:00 e as 20:00, em 396 mesas de voto distribuídas em Portugal continental, Açores, Madeira, Europa e Fora da Europa, estando envolvidas cerca de 2.800 pessoas no processo eleitoral.
A secretaria-geral do PSD informou na quarta-feira que, dos mais de 70 mil militantes sociais-democratas, cerca de 63% são homens (45.038), sendo mais equitativa a distribuição por nível etário, já que 25.134 militantes têm entre 18 e 40 anos, 24.753 entre 41 e 60 e 20.498 mais de 61 anos.
Além do próximo presidente do PSD, os militantes sociais-democratas elegerão ainda os delegados ao próximo Congresso, que se realizará entre 16 e 18 de fevereiro, em Lisboa, e votarão em 38 eleições locais, incluindo para a secção concelhia de Lisboa.
As últimas eleições diretas no PSD realizaram-se em 05 de março de 2016 e representaram a quarta vitória consecutiva de Pedro Passos Coelho e a sua terceira reeleição sem adversários.
Em 2016, eram 50.518 os eleitores das diretas, votaram 23.422 militantes e Passos Coelho venceu com 95,11% dos votos (22.276).
LUSA