"Este mesmo ano, é aquilo que desejo, a possibilidade de ter eleições antecipadas para o parlamento (…) essas são as eleições que vão ajudar à estabilidade do país, a superar estas perturbações que estamos a viver”, afirmou hoje Maduro, durante uma conferência de imprensa no palácio presidencial.
A proposta de eleição de um novo parlamento este ano, em vez de em 2020 como está previsto no mandato constitucional, está a ser analisada pela Assembleia Constituinte, órgão plenipotenciário indigitado pelo regime de Caracas que é composto apenas por leais à revolução bolivariana e que não é reconhecido.
Ao ser questionado sobre a possibilidade de realizar novas eleições presidenciais para resolver a crise de legitimidade que atravessa o seu mandato – não reconhecido pelo parlamento e por cerca de 40 países, incluindo a maioria dos Estados-membros da União Europeia (UE) -, Maduro afirmou que esse assunto não é uma prioridade para o país.
Em vez disso, argumentou Maduro, é urgente enfrentar a grave crise económica que atinge a Venezuela, nomeadamente a escassez generalizada, a deterioração de todos os serviços públicos, a hiperinflação e a desvalorização da moeda.
“Vamos abrir espaço em 2019 para o crescimento económico", prometeu o líder do regime chavista.
Fortemente dependente do preço do petróleo, a Venezuela foi durante décadas considerado o Estado mais rico da América Latina.
A tensão política na Venezuela agravou-se no passado dia 23 de janeiro, quando o presidente do parlamento, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente interino da Venezuela e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.
Após a sua autoproclamação, Guaidó, de 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.
Nicolás Maduro, de 56 anos, chefe de Estado desde 2013, denunciou a iniciativa do presidente do parlamento, como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos da América.
Desde então, Juan Guaidó tem vindo a ganhar o reconhecimento de vários países, nomeadamente de Portugal.
A crise política na Venezuela, onde residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes, soma-se a uma grave crise económica e social que levou cerca de 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU).
Estas declarações de Maduro surgem um dia depois de o Grupo de Contacto Internacional (GCI) para a Venezuela (iniciativa que junta a UE, Estados-membros do bloco europeu e países latino-americanos), na sua primeira reunião, ter decidido enviar representantes para Caracas para se reunirem com ambas as partes no país, reconhecendo que a crise humanitária “se está a aprofundar”.
O GCI para a Venezuela, reunido quinta-feira em Montevideu (Uruguai), apelou ainda à realização de "eleições presidenciais livres".
C/ LUSA