"Este relatório não foi encomendado pela UNESCO e as autoridades regionais não concordam com a apreciação da IUCN", afirmou Susana Prada numa audição parlamentar, considerando que a classificação da laurissilva deveria ter sido mantida "idêntica à de 2014", ou seja, "Bom, com algumas preocupações".
A União Internacional para a Conservação da Natureza emitiu um relatório no início do ano no qual baixa a classificação do estado de conservação deste património natural da humanidade para "preocupações significativas", numa escala com quatro níveis: bom; bom, com preocupações; preocupações significativas; e crítico.
"O relatório revela desconhecimento da realidade", afirmou a secretária do Ambiente e Recursos Naturais, no âmbito de uma audição parlamentar na Assembleia Legislativa sobre "deterioração da floresta laurissilva", requerida pelo CDS-PP.
Susana Prada explicou que a UNESCO – entidade responsável pela atribuição do estatuto de Património da Humanidade à floresta endémica em 1999 – desconhecia o relatório da IUCN, vincando também que as autoridades regionais não foram auscultadas, ao contrário do que aconteceu com a avaliação feita em 2014.
A governante garantiu, por outro lado, que a maioria das questões levantadas no relatório "já foram implementadas", sublinhando que a laurissilva da Madeira é "gerida com responsabilidade" e "não se encontra em risco ou perigo".
Entre as medidas tomadas desde 2014, Susana Prada destacou o reforço do corpo de Polícia Florestal, com a abertura de vagas para mais dez polícias e dez sapadores florestais, a reativação de seis torres de vigilância contra incêndios, a aquisição de duas viaturas pesadas para os trabalhos de limpeza e manutenção, a operação de um helicóptero de combate a fogos durante o verão e diversas ações para a eliminação de plantas invasoras.
A secretária do Ambiente lembrou ainda que foi concessionada a exploração de sete abrigos e montanha e feitos investimentos na ordem dos dois milhões de euros na beneficiação de percursos através da floresta, indicando que entre 2014 e 2018 arderam 65 hectares de laurissilva, ao passo que entre 2008 e 2014 foram 100 hectares.
"Uma entidade com a credibilidade da IUCN tem de, obrigatoriamente, avaliar toda a informação disponível e uma das etapas é a revisão, por parte da entidade gestora, passo que não foi cumprido", declarou Susana Prada, realçando que o executivo vai "contestar" o relatório.
A laurissilva madeirense, uma floresta húmida com características subtropicais, ocupa uma superfície de 15.000 hectares (representando 20% do total da ilha). A sua origem remonta ao Terciário, sendo que as últimas glaciações levaram ao seu desaparecimento no continente europeu, sobrevivendo apenas nos arquipélagos atlânticos dos Açores, da Madeira e das Canárias.
LUSA