“Mesmo sob ataque sem precedentes, o Brasil optou por resistir e defender sua democracia reconquistada há 40 anos pelo seu povo depois de duas décadas de governos ditatoriais”, disse, Lula da Silva, numa referência à condenação a 27 anos e três meses de prisão do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, no dia 11 de setembro, por atentar contra o Estado Democrático de Direito.
Numa alusão direta ao comportamento dos Estados Unidos durante o julgamento, Lula da Silva sublinhou ainda que “não há justificativa para as medidas unilaterais e arbitrárias contra” as instituições e economia brasileira, num discurso em que cumpriu a longa tradição do Brasil abrir o debate geral da Assembleia Geral da ONU.
“Há poucos dias e pela primeira vez em 525 anos da nossa história, um ex-chefe de Estado foi condenado por atentar contra o Estado democrático de direitos”, recordou o Presidente brasileiro, referindo-se a Jair Bolsonaro, sublinhando que com isso o Brasil enviou uma mensagem “a todos os candidatos a autocratas”.
Os Estados Unidos impuseram na segunda-feira novas sanções a brasileiros, desta vez à mulher do juiz Alexandre de Moraes, relator do processo contra Jair Bolsonaro e ainda à empresa da qual Viviane Barci e os filhos são sócios.
Esta ação acirrou ainda mais o conflito diplomático entre os dois países devido à condenação do ex-Presidente brasileiro aliado político do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que vê o julgamento como uma “caça às bruxas” contra Jair Bolsonaro.
“Falsos patriotas que arquitetam e promovem publicamente ações contra o Brasil”, disse ainda Lula da Silva, referindo-se a Eduardo Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro, que se encontra nos Estados Unidos e que na segunda-feira foi acusado pela sua atuação junto do Governo norte-americano para que fossem impostas sanções contra o Brasil e autoridades do poder judicial.
“A nossa democracia e nossa soberania são inegociáveis. Seguiremos como uma nação independente e como um povo livre de qualquer tipo de tutela”, reiterou Lula da Silva, garantindo que “não há pacificação com impunidade”.
O Presidente brasileiro realiza uma visita de trabalho a Nova Iorque entre domingo e quarta-feira, para chefiar a delegação nacional na semana de alto nível da 80.ª Assembleia Geral da ONU.
Na segunda-feira participou da segunda sessão da Conferência Internacional para a Solução Pacífica da Questão da Palestina e a Implementação da Solução de Dois Estados.
Hoje, presidirá ao evento de alto nível organizado pelo Brasil para promover o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), iniciativa concebida sob liderança brasileira e a ser lançada em Belém do Pará, durante a COP30, sobre financiamento permanente à conservação das florestas tropicais.
Na quarta-feira copresidirá, com os Presidentes Gustavo Petro (Colômbia), Gabriel Boric (Chile), Yamandú Orsi (Uruguai) e o Presidente do Governo de Espanha, Pedro Sánchez, a segunda edição do evento “Em defesa da democracia: lutando contra o extremismo”.
Também na quarta-feira participa do Evento Especial de Alto Nível sobre Ação Climática e COP30, organizado pelo secretário-geral da ONU, António Guterres.
Lusa