“Eu conheço Putin. É um homem ponderado, muito calmo (…). Por isso, não posso imaginar que tenha sido Putin a fazer isto”, disse Lukashenko, citado pela agência noticiosa estatal Belta.
Yevgeny Prigozhin, o chefe do grupo de mercenários Wagner, foi dado como morto pelas autoridades russas por figurar na lista de passageiros de um avião que se despenhou a noroeste de Moscovo na quarta-feira.
Desde então, o Ocidente tem levantado suspeitas de um assassinato orquestrado ao mais alto nível do poder russo, embora sem apresentar quaisquer provas, por Prigozhin ter protagonizado uma rebelião contra as chefias militares em Moscovo.
O porta-voz de Putin negou hoje qualquer envolvimento da Presidência na presumível morte de Prigozhin e qualificou as insinuações como especulativas.
“Trata-se de uma mentira absoluta”, respondeu Dmitri Peskov aos jornalistas.
Lukashenko considerou que, caso se confirme tratar-se de um assassinato, foi “um trabalho demasiado brutal e amador”, segundo a agência francesa AFP, que cita a congénere bielorrussa.
Referiu, no entanto, que não podia dizer quem teria sido responsável pela presumível morte de Prigozhin.
As autoridades russas anunciaram uma investigação ao acidente, mas ainda nada disseram sobre as possíveis causas.
Lukashenko serviu de mediador entre Moscovo e Prigozhin no final de junho, quando o chefe do Grupo Wagner protagonizou uma rebelião para derrubar a hierarquia militar, acusando-a de incompetência na gestão da guerra contra a Ucrânia.
O líder bielorrusso negou também qualquer responsabilidade pela segurança de Prigozhin, afirmando que ele nunca lhe fez tal exigência.
“A conversa nunca foi nesse sentido”, afirmou.
Segundo a Belta, Lukashenko disse que já tinha avisado Putin de uma tentativa de assassinato de Prigozhin após ter recebido “informações muito sérias” de fontes seguras durante uma recente viagem aos Emirados Árabes Unidos.
Mais tarde, Lukashenko disse ter falado com Prigozhin, que confirmou que Putin o tinha avisado da ameaça, segundo a agência norte-americana AP.
Lukashenko afirmou ainda à Belta que os efetivos do Grupo Wagner continuarão na Bielorrússia no número e pelo tempo que for necessário.
Disse que a Bielorrússia está a construir alojamentos para que não tenham de dormir em tendas.
“Afinal, a Bielorrússia não é África nem a Ucrânia, onde eles estavam na frente de batalha”, disse à Belta.
“O núcleo vai ficar aqui. Alguns estão de licença. (…) Dentro de alguns dias todos eles estarão aqui. Até 10 mil pessoas. Não há necessidade de os manter aqui agora”, afirmou.
Lukashenko negou ainda qualquer receio no país, incluindo nas forças armadas, com a presença de uma força militar que inclui condenados recrutados por Prigozhin em troca do perdão das penas de prisão.
“Li as descrições (…): são antigos condenados, são maus. Ouçam, eles ajudam uma senhora idosa a atravessar a rua e não aceitam trocos numa loja, [são] pessoas surpreendentes. Disciplina de ferro”, comentou.
Lusa