A Eurodeputada Liliana Rodrigues questionou ontem a Comissão Europeia a propósito das declarações sobre estrangeiros residentes no Reino Unido e a possibilidade dos mesmos serem usados como “moeda de troca” nas negociações do Brexit.
Liliana Rodrigues entende que:
“Tendo em atenção as recentes declarações de alguns altos responsáveis do Governo do Reino Unido relativamente aos imigrantes a trabalhar e a estudar naquele país, nomeadamente as de Amber Rudd, Ministra do Interior, e as de Liam Fox, Ministro do Comércio Internacional, anunciando medidas no sentido do endurecimento das políticas de contratação de trabalhadores estrangeiros por parte das empresas britânicas, chegando inclusive a referir a obrigatoriedade de as empresas tornarem pública a proporção de estrangeiros que empregam e de ‘purgar aquelas que são menos construtivas na contratação de trabalhadores nacionais’, da restrição à entrada de alunos estrangeiros nas universidades britânicas e da eventualidade de usar a permanência de cidadãos da União Europeia no Reino Unido como ‘moeda de troca’ nas negociações do Brexit.
Tendo em atenção as cartas enviadas pelo Governo britânico a residentes estrangeiros, em Julho e em Setembro deste ano, com o propósito de recolher informações sobre o país de nascimento, a nacionalidade e o nível de domínio da língua inglesa de muitos milhares de crianças que frequentam o sistema de ensino britânico, medida que foi tomada sem qualquer explicação aos visados e que suscitou já o protesto de vários movimentos de cidadãos no sentido de salvaguardar as crianças de qualquer tipo de discriminação, da retórica anti-imigração e da violência que costuma acompanhá-la.
Tendo ainda em atenção as declarações da própria Primeira-Ministra Theresa May, que sugeriu que os trabalhadores britânicos poderiam estar no desemprego ou com salários mais baixos devido à imigração pouco qualificada.
Considero ser pertinente saber como encara a Comissão Europeia estas declarações e acções face aos imigrantes no Reino Unido, sabendo que as mesmas podem assumir um carácter discriminatório e intimidatório e, ao mesmo tempo, averiguar como espera a Comissão negociar com o Reino Unido quando se sugere que cidadãos estrangeiros e os seus postos de trabalho sejam usados como ‘moeda de troca’ para o Brexit.”
A deputada madeirense considera que “é sempre muito preocupante quando começamos a dividir as pessoas entre ‘nós’ e os ‘outros’. É sempre mau sinal quando começamos a identificar e a contar estrangeiros. Com as devidas reservas, faz lembrar outros tempos”.