Alexei Liptser, Igor Sergunin e Vadim Kobzev foram detidos em outubro de 2023 e, posteriormente, colocados na lista de “extremistas”. Desde então, a prisão preventiva dos advogados foi prorrogada por diversas vezes.
Os três advogados são acusados de terem transmitido a Alexei Navalny, preso na Rússia desde janeiro de 2021 até à sua morte na prisão em 16 de fevereiro, informações que lhe permitiam “planear, preparar (…) e cometer crimes de extremismo” a partir da sua cela.
O julgamento decorre num tribunal de Petushki, na região de Vladimir, a leste de Moscovo, onde o opositor esteve preso.
No tribunal, os três advogados foram colocados numa cela reservada aos acusados, com barras de metal branco.
Pouco depois do início da audiência, que começou por volta das 11:00 (09:00 em Lisboa), a juíza Yulia Shilova anunciou que a sessão seria realizada à porta fechada a pedido do procurador, apesar dos protestos dos advogados de defesa.
Os jornalistas e o público tiveram, por isso, de abandonar a sala.
Igor Sergunin, de 46 anos, declarou-se culpado durante o processo, segundo o meio de comunicação social independente russo Mediazona. Alexei Liptser e Vadim Kobzev, de 37 e 41 anos, respetivamente, não se declararam culpados.
Desde o início do ataque à Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, a repressão atingiu todas as vozes dissidentes na Rússia.
Os advogados dos ativistas raramente eram presos, embora estivessam sujeitos a uma crescente vigilância e ameaças. Nos últimos dois anos, entretanto, vários juristas abandonaram o país para evitar a prisão.
Alexei Navalny foi detido em Moscovo em janeiro de 2021, quando regressava da Alemanha, onde foi hospitalizado depois de ter sido vítima de um envenenamento.
O opositor russo foi condenado a várias penas pesadas, incluindo 19 anos de prisão em agosto de 2023 por “extremismo”.
Carismático e conhecido pelas suas investigações anticorrupção, a partir da prisão, Navalny comunicava através de mensagens enviadas aos seus advogados, nas quais denunciava nomeadamente a ofensiva na Ucrânia e apelava aos russos para “resistirem”.
A sua organização, o Fundo Anticorrupção (FBK), também foi classificada como “extremista” na Rússia em 2021.
As circunstâncias da sua morte numa colónia penal no Ártico permanecem sob suspeita.
Muitos dos seus antigos colaboradores, refugiados no estrangeiro, trabalham agora com a sua viúva, Yulia Navalnaya, que jurou assumir o lugar do marido no exílio.
Lusa