“O somatório das declarações proferidas, tanto por Sérgio Marques como por Miguel de Sousa, demonstram, claramente, um ambiente de pressões, interesses obscuros e alegados favorecimentos a grupos económicos que parecem viver à custa do Orçamento Regional”, refere o líder parlamentar do JPP, Élvio Sousa, citado num comunicado, após conferência de imprensa na Assembleia Legislativa.

Em causa estão as acusações do ex-dirigente do PSD/Madeira e ex-governante regional, Miguel de Sousa, e do deputado social-democrata à Assembleia da República eleito pela Madeira, Sérgio Marques, em declarações ao Diário de Notícias.

O deputado social-democrata disse que houve “obras inventadas a partir de 2000”, quando Alberto João Jardim (PSD) era presidente do executivo madeirense, e grupos económicos que cresceram com o “dedo do Jardim”.

Sérgio Marques, que fez parte do executivo madeirense como diretor regional entre 1988 e 1989, refere que a governação de Alberto João Jardim “foi fantástica até 2000”, mas depois “começaram a inventar-se obras, quis-se continuar no mesmo esquema de governo, a mesma linha, obras sem necessidade, aquela lógica das sociedades de desenvolvimento, todo aquele investimento louco que foi feito pelas sociedades de desenvolvimento".

O PSD continua atualmente a governar a região, em coligação com o CDS-PP, com um executivo liderado por Miguel Albuquerque, do qual Sérgio Marques fez parte como secretário regional dos Assuntos Europeus e Parlamentares entre 2015 e 2017.

O líder parlamentar do JPP, que tem três deputados na Assembleia Legislativa, indicou que o partido “vai utilizar o poder regimental para chamar ao parlamento, com caráter de urgência, Luís Miguel de Sousa (Grupo Sousa) e Avelino Farinha (grupo AFA), envolvidos na sequência das declarações ao Diário Notícias de Lisboa de ontem [domingo]”.

Élvio Sousa sublinha que a acusação feita ao presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, de ceder a pressões por parte dos grupos Sousa e AFA “tem de ser cabalmente esclarecida”.

“Tudo parece mostrar que os membros do poder político, e principalmente Miguel Albuquerque, são uma peça de jogo ao dispor do poder económico monopolista”, destacou.

As declarações de Sérgio Marques e Miguel de Sousa ao Diário de Notícias já levaram também o grupo parlamentar do PS, o maior partido da oposição na Assembleia Legislativa da Madeira, a solicitar a constituição de uma comissão de inquérito para averiguar alegados favorecimentos a grupos económicos por parte do Governo Regional.
Lusa