“Rui Rio [presidente do PSD] aproveita a aproximação da data da realização da Festa do Avante! para continuar a projetar os seus próprios tiques autoritários e antidemocráticos do ‘eu quero, posso e mando’, evidenciados nas suas conceções e proposta de revisão da Constituição da República e de subversão do regime democrático”, afirmou.
Para o secretário-geral do PCP, que falava durante um comício que se realizou hoje no Jardim 1.º de Maio, em Grândola, no distrito de Setúbal, está em curso “um violenta ofensiva” contra uma festa “onde estão garantidas condições de segurança e tranquilidade”.
“Faremos a Festa do Avante! porque ela se assume, no contexto político excecional que vivemos, um valor acrescido na afirmação da nossa vida democrática e o seu êxito será um contributo para a luta do nosso povo, para combater o medo, a resignação e dar força à luta em defesa dos salários, do emprego e dos direitos”, reforçou.
O líder comunista não compreende “que os autores materiais do ataque ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), ao seu subfinanciamento e privatização, os ataques aos utentes, os que congelaram salários, venham hoje falar de moralismo e de medidas sanitárias”, quando se sabe que “os serviços públicos de saúde foram praticamente destruídos”.
“Coloquemos as máscaras no nosso rosto, protejamo-nos, mas não nos tapem os olhos em relação à situação social, ao desemprego, aos baixos salários, à ruína dos pequenos e médios empresários”, prosseguiu.
Segundo Jerónimo de Sousa, “muitos dos problemas que se agravaram nestes tempos de epidemia não encontraram resposta nas políticas do Governo, nomeadamente as medidas necessárias para impedir a destruição da vida daqueles que perderam o emprego e o salário”.
A este propósito exemplificou “a proibição de despedimentos e de reposição dos vínculos de todos os despedidos ou o pagamento integral dos salários, como o PCP tem proposto e que o Governo, mas também PSD e CDS e seus sucedâneos mais reacionários, têm, em geral, inviabilizado”.
No entender do líder comunista, estas são propostas que “o PS não só não acolheu no Orçamento do Estado Suplementar, como recusou muitas outras que o PCP apresentou, visando aspetos essenciais da resposta que é necessário dar a outros problemas dos trabalhadores, agricultores e dos micro e pequenos empresários”.
“A convergência entre PS e PSD na aprovação da proposta do Governo e na rejeição da larga maioria das propostas que o PCP apresentou deixa este Orçamento sem a resposta necessária à gravidade da situação”, considerou Jerónimo de Sousa, considerando não ser um Orçamento “para enfrentar a grave situação económica em que o país se encontra”.
No seu discurso, o secretário-geral do PCP, que perspetivou “uma recessão económica profunda” para o país, disse ainda assistir ao “desenvolvimento de uma estratégia para restabelecer e dar uma base duradoura à política de direita e de reaproximação de PS e PSD”.
“Apela-se e insinuam-se vontades de entendimento à esquerda, com o PCP, ao mesmo tempo que dão seguimento e se preparam com o PSD crescentes entendimentos e uma efetiva concertação estratégica”, acrescentou Jerónimo de Sousa.