"Nada de ansiedades, vamos ter de lutar, e lutar até construirmos o sonho de Sá Carneiro, uma maioria e um Presidente que não seja situacionista, mas que seja capaz de fazer um referendo em Portugal sobre a Constituição", defendeu Alberto João Jardim.
Perante o 37.º Congresso do PSD, em Lisboa, Jardim fez também um apelo à união do partido, desafiando: "Se continuarem a fazer disto uma guerra de alecrim e manjerona, terei de vir aqui para dar umas bengaladas nos meninos mal comportados".
"Agora, mais do que nunca vamos unir-nos", afirmou.
Alberto João Jardim enunciou sete objetivos para o país, relativamente aos quais "ou o PS converge ou não converge", mas "se não converge, então, o papel do PSD não é dar importância ao PS e falar deles", mas "explicar ao povo português" as consequências de não querer mudar a sua ação.
Esses sete objetivos passam por mais investimento público e privado, o fim da burocracia, a "coragem para a reforma na justiça", um "sistema fiscal mais atrativo" para empresas e cidadãos, a descentralização em todo o território nacional, maior regulação do sistema financeiro, e "uma correta regulamentação da lei da greve no sistema de transportes e de saúde".
"Os portugueses não podem ficar à mercê de chantagens nos transportes e na saúde", declarou.
Para Alberto João Jardim, é precisa uma reforma constitucional e uma reforma na Europa, para a qual defende uma "frente dos países do Sul", rumo a um "federalismo da União Europeia", que garanta os mesmos direitos e distribuição de rendimentos aos trabalhadores do Norte e do Sul.
Sem essa igualdade entre Norte e Sul, decretou: "Estamos num grande ‘bluff’, estamos numa grande treta".
Numa intervenção de 15 minutos, Jardim argumentou ainda que a solução que apoia o Governo do PS não é de esquerda.
"Sempre aprendi desde pequenino e ouvi dizer que a esquerda é quem transforma. Virem dizer que forças políticas que não querem mudar nada são de esquerda, estão a gozar comigo. Não me digam que a ‘geringonça’ é de esquerda, a ‘geringonça’ é do mais reacionário e conservador que temos em Portugal", disse.
Antes da intervenção de Jardim, falou ao Congresso Ribau Esteves, ex-secretário-geral do PSD na liderança de Luís Filipe Menezes, defendendo que o partido deve aproveitar o processo de descentralização do Governo que está em cima da mesa para lhe dar "realismo e objetividade".
Pedindo a união dos sociais-democratas, Ribau Esteves defendeu que o PSD não deve deixar "como coisa secundária o ser popular", diferente do populismo, para "conquistar as pessoas" para as suas causas.
"O país não pode ter na primeira divisão dos afetos o Presidente da República, na segunda divisão, António Costa, e o líder do PSD estar na terceira divisão. Temos de estar com o nosso líder na primeira divisão do ser popular. É preciso conquistar o coração dos portugueses", declarou.
C/ LUSA