Num balanço sobre este segundo dia de greve, que se prolonga até domingo, Pedro Figueiredo, dirigente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (SINTAC) para a Portway, apontou um "ligeiro aumento da adesão" entre os trabalhadores do aeroporto de Faro, nomeadamente nos que estão afetos a operações de placa.
Esta situação, acrescentou, está a ter impacto no horário dos voos, causando atrasos nas chegadas e partidas de Faro. No caso de Lisboa está previsto o cancelamento de 44 voos ao longo do dia de hoje, entre chegadas e partidas do aeroporto Humberto Delgado.
O dirigente sindical adiantou ainda que nos aeroportos do Porto e de Funchal não houve registo nem estão previstos cancelamentos — tal como indica a informação disponível no site da ANA – Aeroportos de Portugal, consultada pela Lusa.
Em resposta à Lusa, Pedro Figueiredo afirmou não ter ainda dados estabilizados sobre a adesão à greve, sublinhando a dificuldade em falar de números devido ao despacho ministerial que definiu os serviços mínimos e que não permite que cerca de um terço dos trabalhadores – os de assistência a passageiros de mobilidade reduzida (MyWay) – possa fazer greve.
O dirigente sindical referiu ainda o mal-estar causado pelas declarações, esta sexta-feira, de Rita Reis, diretora de recursos humanos do grupo Portway.
"São declarações completamente inflamáveis e tenho recebido muitas mensagens de trabalhadores indignados com o que foi dito", referiu.
Falando à Lusa ao final do primeiro dia da greve, aquela responsável reiterou que a adesão à paralisação ronda os 10%, mas avisou que esta "parece uma taxa de adesão baixa, mas é uma greve setorial, e, portanto, está muito localizada em departamentos específicos que conseguem ter um impacto forte na operação".
Na ocasião, Rita Reis voltou a rejeitar as acusações do SINTAC, garantindo que a "Portway não contrata serviços externos para substituir grevistas nem o pode fazer. Quem o pode fazer legalmente são as companhias aéreas e o aeroporto", referiu.
Os trabalhadores da Portway estão a cumprir uma greve de três dias nos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro e Madeira, convocada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil.
A paralisação visa contestar "a política de RH (recursos humanos) assumida ao longo dos últimos anos pela Portway, empresa detida pelo grupo Vinci, de confronto e desvalorização dos trabalhadores por via de consecutivos incumprimentos do Acordo de Empresa, confrontação disciplinar, ausência de atualizações salariais, deturpação das avaliações de desempenho que evitam as progressões salariais e má-fé nas negociações", indicou o sindicato.
O Sintac acusa a Portway de promover um "clima de terror psicológico, onde proliferam ameaças e instauração de processos disciplinares, criando uma instabilidade social sem ímpar na história da empresa", e os trabalhadores reivindicam o cumprimento do Acordo de Empresa de 2016 e uma avaliação de desempenho que não sirva para evitar progressões.
O Sintac quer ainda o pagamento de feriados a 100% a todos os trabalhadores e atualizações salariais imediatas, que tenham em conta a inflação.
A ANA – Aeroportos de Portugal e a Portway alertaram na quinta-feira para possíveis perturbações em 22 companhias aéreas que operam nos aeroportos nacionais.
Numa nota divulgada nos seus ‘sites’ a gestora dos aeroportos nacionais, detida pela Vinci, e a empresa de assistência em terra, do mesmo grupo, publicaram uma lista de "companhias aéreas cujos voos poderão ser afetados pela greve convocada por um sindicato" na empresa de assistência em terra.
As companhias em causa são a Aegean, Air Canada, Air Transat, American Airlines, Blue Air, Brussels, Cabo Verde Airlines, Easyjet, Euroatlantic, European Air Transport, Eurowings, Finnair, Flyone, Latam, Luxair, Swiftair, Transavia, Transavia France, Tunisair, Turkish Airlines, Volotea e Wizzair.