“O Governo português está muitíssimo empenhado em poder estar na linha da frente destas transformações. Temos hoje uma responsabilidade acrescida e um dos pilares-chave deste projeto é, precisamente, a área de atuação da nossa comissária europeia, de aprofundarmos os instrumentos de financiamento, de concluirmos o mercado único de capitais, de podermos ter uma União na área da poupança para canalizar as poupanças dos cidadãos europeus para o investimento na reindustrialização do nosso espaço”, elencou Luís Montenegro.
Em declarações aos jornalistas portugueses em Budapeste, no final de uma reunião informal do Conselho Europeu na qual se debateu uma nova estratégia para a União Europeia (UE) ser mais competitiva, o chefe de Governo acrescentou que estas “são responsabilidades que a doutora Maria Luísa Albuquerque vai assumir”.
“Há uma grande expectativa e nós estamos muito confiantes que essa expectativa vai encontrar um bom resultado e um bom desempenho”, adiantou Luís Montenegro.
Reunidos na capital húngara pela presidência rotativa do Conselho da UE assumida pela Hungria, os chefes de Governo e de Estado da União reconhecem, com a aprovação de uma Declaração de Budapeste sobre o novo pacto para a competitividade europeia, a necessidade de realizar “investimentos significativos que mobilizem financiamento público e privado”.
“Estamos empenhados em explorar e potenciar todos os instrumentos e ferramentas para alcançar os nossos objetivos: o quadro financeiro plurianual, como meio essencial para concretizar as nossas prioridades estratégicas; a União dos Mercados de Capitais, para mobilizar financiamento privado; e o aumento da participação do Banco Europeu de Investimento. Ponderaremos o desenvolvimento de novos instrumentos”, enumeram os líderes UE, garantindo continuar “a trabalhar no sentido da introdução de novos recursos próprios”.
Para Portugal, urge assegurar condições equitativas na UE, por nem todas as economias terem a mesma capacidade de atrair investimento, bem como garantir a aposta em interconexões energéticas dada a falta de conectividade da Península Ibérica com o resto do espaço comunitário.
No que toca ao financiamento, Lisboa é favorável a mais contribuições dos Estados-membros, nova emissão de dívida conjunta e ao apelo a verbas privadas.
Na passada quarta-feira, a conferência de presidentes do Parlamento Europeu aprovou por maioria a indigitação de Maria Luís Albuquerque com comissária europeia para os Serviços Financeiros e a União das Poupanças e Investimentos, aguardando-se agora o derradeiro aval parlamentar no final deste mês.
Incumbida por Ursula von der Leyen para desbloquear investimento na União Europeia, Maria Luís Albuquerque já desempenhou cargos públicos como os de ministra das Finanças no período da anterior crise financeira e de secretária de Estado do Tesouro, tendo depois passado pelo setor privado como diretora não executiva em empresas como a gestora de fundos europeia Arrow Global e o banco mundial Morgan Stanley.
Aos 57 anos, a antiga governante portuguesa é uma das 11 mulheres entre 27 nomes (uma quota de 40% para mulheres e de 60% de homens) do próximo executivo comunitário de Von der Leyen, agora sujeito a aval parlamentar, que tem como principal missão a competitividade económica comunitária.
Lusa