Numa reação ao anúncio feito pela equipa liderada pelo ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, relativamente ao novo modelo de avaliação externa dos alunos, a Fenprof considera que “se trata de uma mudança de forma, mas que, na prática mantém tudo na mesma”.
Na quinta-feira, o ministro da Educação, Fernando Alexandre, anunciou o fim das provas de aferição do 2.º, 5.º e 8.º anos e o regresso das provas no final dos 1.º e 2.º ciclos (no 4.º e 6.º anos).
As provas de monitorização de aprendizagens (ModA) continuam sem contar para a nota final dos alunos, mas terão novidades, como o facto de os enunciados deixarem de ser divulgados para que alguns dos itens possam ser repetidos todos os anos e assim possam ser comparáveis ao longo dos anos, sendo possível perceber a evolução do trabalho feito pelas escolas e alunos, defendeu o ministro.
Para a Fenprof, estas políticas revelam que o ministério parece ter como objetivo “a disputa entre escolas e a publicitação e competição dos resultados” em vez “de tentar que perceber o que está mal para melhorar”.
Em comunicado, a Fenprof defende que a melhoria das aprendizagens nas escolas depende das condições de trabalho e não da existência de exames ou provas de final de ciclo.
As provas do 4.º e 6.º anos a três disciplinas — Português, Matemática e outra disciplina rotativa a cada três anos – serão feitas em formato digital, estando prevista a realização de testes nas escolas já entre os meses de janeiro e fevereiro, para que possam ser detetadas e corrigidas eventuais falhas.
Os resultados dos alunos ficam registados numa ficha individual e serão enviados para as escolas antes do início do ano letivo seguinte, para que os professores possam preparar o novo ano.
Em novembro, os serviços do ministério divulgam um relatório anual dos resultados dessas provas, o que irá permitir fazer comparações entre escolas e municípios e, no futuro, perceber a evolução das aprendizagens, uma vez que há itens praticamente iguais todos os anos.
A Fenprof questiona como é que o ministério espera conseguir manter confidenciais os enunciados para se repetirem em anos seguintes e “quem irá digitalizar as respostas dos alunos do ensino secundário que farão os exames em papel”: “Decerto não serão os professores, já hoje tão sobrecarregados de trabalho”,avisa.
A digitalização dos exames do ensino secundário é outras das novidades do novo modelo de avaliação externa que tem como objetivo garantir que a avaliação dos exames, que servem de acesso para o ensino superior, seja feita de forma mais justa.
O ministro da Educação explicou que a ideia é que os professores avaliadores passem a corrigir apenas alguns itens de muito mais provas em vez de ficarem com a totalidade dos exames de um grupo de alunos.
Com este modelo, o ministério acredita que a classificação será mais justa e serão menos as hipóteses de um aluno ter uma avaliação diferente consoante o professor avaliador que corrige a sua prova.
Para a Fenprof, “as medidas anunciadas parecem confirmar que voltámos ao tempo em que os governantes consideram que a melhoria das aprendizagens se consegue com a realização de provas e exames e a publicitação de mapas comparativos dos resultados”.
Para a maior estrutura sindical representativa dos professores, “a melhoria das aprendizagens dos alunos será sempre resultado da melhoria das condições de trabalho nas escolas que promovem essas aprendizagens: professores em número necessário, menos alunos por turma, apoios adequados às necessidades dos alunos são, apenas, alguns exemplos”.
Os alunos do 9.º ano vão continuar a fazer os exames nacionais com um peso de 30% na nota final, mas os enunciados destas provas também passarão a ser secretos, para que alguns itens possam ser repetidos.
Lusa