O apelo da FMV tem lugar depois de nos últimos dias se registarem longas filas de pessoas junto dos centros de vacinação, centenas delas regressando a casa depois de frustrada a tentativa de imunização, por esgotamento das vacinas diárias disponíveis.
“É desumano ver centenas de pessoas, muitas delas da terceira idade, em longas filas esperando para ser atendidas”, explica o presidente da FMV, Douglas León Natera, em um comunicado divulgado em Caracas.
Natera alertou que a exposição dos anciãos a longos períodos de espera pode causar dano nas suas condições físicas.
A FMV define a política governamental de imunização da população como “uma caixa negra manipulada desde [o palácio presidencial de] Miraflores” e acusa o regime de “aproveitar as necessidades do povo para fazer política partidária suja e má”.
“Improvisação sem política de saúde e uma grande mentira é o resultado do suposto plano de vacinação anunciado pelo Governo” em finais de maio, afirma.
A FMV questiona ainda os dados oficiais sobre a população vacinada, que aponta que uns 3,3 milhões de pessoas já foram vacinadas no país e a alegada falta de informação sobre quantos cidadãos já receberam ambas doses das vacinas anti-Covid-19.
A Venezuela iniciou, em 28 de maio, a "vacinação em massa" da população contra a Covid-19, em 27 centros adaptados para a imunização.
Milhares de pessoas foram notificadas pelas autoridades, através de SMS, para irem aos centros de imunização, onde ficam várias horas em fila para ser atendidas e nalguns casos regressam a casa sem ser vacinados, porque esgotaram as vacinas do dia.
A imprensa local deu conta da chegada, até agora, de pelo menos três milhões de vacinas da chinesa Sinopharm e da russa Sputnik V e de acordo com a Federação Médica Venezuelana, são necessárias 40 milhões de doses de vacinas para imunizar 70% da população.
Na última sexta-feira o Governo venezuelano anunciou que tinha chegado a um acordo com a farmacêutica russa Gerofarm para a aquisição de 10 milhões de doses da vacina EpiVacCorona.
Entretanto, Caracas reclama que adquiriu, em abril, mais de 11 milhões de vacinas contra a Covid-19, através do Fundo de Acesso Global para Vacinas Covid-19 (mecanismo Covax), que não chegaram ao país.
No domingo, o Presidente Nicolás Maduro denunciou, através da televisão estatal que há “uma guerra suja” contra Caracas e que “a Venezuela poderia ser o único país do mundo que é alvo de uma perseguição contra o seu direito a comprar livremente as vacinas, a qualquer empresa que fabrique vacinas contra a cCvid-19”, frisou.
Desde março de 2020 que a Venezuela está em quarentena preventiva e atualmente tem um sistema de sete dias de flexibilização seguidos de outros sete dias de confinamento rigoroso.