O ex-diretor regional das Florestas, Rocha da Silva, disse hoje que o Largo da Fonte, no Monte, onde, em 2016, desabou uma árvore fazendo várias mortes, tem um "histórico" que reclama "rotinas" e atenções permanentes para que haja segurança.
"O histórico aponta-nos que aquela zona deve ser objeto, em todo o tempo, de um rastreio preventivo das situações que possivelmente possam desencadear tragédias (…) é necessário estabelecer rotinas de diagnóstico para que possa haver alguma prevenção", disse.
A Comissão Especializada Permanente de Saúde e Assuntos Sociais da Assembleia Legislativa da Madeira (ALM) ouviu hoje, em audição parlamentar, o engenheiro técnico agrícola e ex-diretor regional das Florestas [durante cerca de 30 anos], Paulo Rocha da Silva, sobre a "Análise e garantia das condições de segurança necessárias ao Monte para a realização do Arraial da Nossa Senhora do Monte", a 15 de agosto, Dia da Assunção de Nossa Senhora, também localmente conhecido por dia da Festa de Nossa Senhora do Monte.
Rocha da Silva é também o perito indicado pela Diocese do Funchal como seu representante no caso da queda do carvalho centenário que, a 15 de agosto de 2016, dia da Festa de Nossa Senhora do Monte, padroeira da Região Autónoma da Madeira, caiu sobre a multidão que se encontrava no Largo da Fonte à espera da passagem da procissão, fazendo 13 mortos e 50 feridos.
O ex-diretor regional das Florestas enumerou, entre o "histórico bastante significativo" do Monte, episódios de quedas de árvores; testemunhos; o tipo de árvores existentes, indígenas ou exóticas; o espaço deixado para as árvores crescerem e viverem, o solo, os seus assentamentos e as suas movimentações numa encosta com 80% de declive, a situação fitossanitária das árvores, a exposição solar e a influência das condições meteorológicas.
Rocha da Silva referiu, a propósito das "rotinas", haver árvores no Largo da Fonte "cercadas" pelos sistemas radiculares das Coroas de Henrique [planta], situação "reveladora que, há muito tempo, esses colos das árvores não têm peritagem, nem exames".
Este perito realça que a região está dotada de um Laboratório de Qualidade Agrícola, "que até está certificado", com técnicos especializados onde aquelas "rotinas" e "exames", de vigilância e fiscalização de espaços públicos arborizados e jardinados, podem ser solicitados.
"Mas para eles se responsabilizarem pelos processos, tem de haver uma solicitação à sua intervenção. Se essa solicitação nunca foi requerida, nós temos de perguntar a quem o deveria ter requerido porque nunca o fez", realçando que a tragédia de 2016, se tivesse acontecido num espaço privado ou num hotel, "a gerência estava metida em sarilhos".
LUSA