Esta é a ideia que entusiasma Vasco Fernandes, um estudante de 21 anos em Ciência Política e Relações Internacionais na Universidade Nova de Lisboa, que veio a Estrasburgo decidido a dar o seu contributo e que nunca pensou que tal “pudesse acontecer ao nível europeu”.
“Vale muito a pena e conseguir ver mesmo o que se chama a democracia deliberativa a funcionar ao nível europeu seria um grande avanço”, diz o estudante à Lusa.
Vasco Fernandes conhece este tipo de experiência e considera que ela supera grandemente a solução dos referendos, porque as pessoas podem confrontar-se com diversas opiniões e ouvir especialistas e depois decidir.
“A minha expectativa é chegar a soluções que não sejam irrealistas e sejam mesmo concretas para depois apresentar aos líderes europeus”, sublinha.
O jovem estudante quer dar o seu contributo sobretudo na área da segurança no mercado de trabalho, que – diz – “é muito importante para Portugal”.
Um dos especialistas que ouviu este primeiro grupo de cidadãos – serão 800 ao todo nos quatro plenários previstos – foi precisamente o investigador português Pedro Nuno Teixeira, professor de Economia na Universidade do Porto.
Pedro Nuno Teixeira, que integra o Centro de Investigação de Políticas do Ensino Superior (CIPS), teve uma intervenção no plenário dedicada à educação, que considera ser “um dos instrumentos mais fortes para construir um sentido de pertença na Europa”.
O grande desafio europeu é, aliás, segundo afirma à Lusa, “uma educação de qualidade para todos”, tema que desenvolveu também na intervenção perante o plenário de cidadãos.
Segundo Pedro Nuno Teixeira, a grande diferença em toda a Europa em termos de participação política, cidadania ou tolerância, não é entre os mais velhos e os mais novos, mas entre os mais e menos qualificados.
Mas – sublinha – “o risco numa Europa a várias velocidades não é entre uns países e outros, mas sim entre uma parte da população de cada país e a outra parte”.
“Para os estudantes, a Europa é uma enorme oportunidade até em termos de emprego, mas para parte dos cidadãos menos qualificados estas mudanças assustam e são o germe da desconfiança e de muitos dos fantasmas que enfrentamos”, conclui o professor e investigador.
Os encontros de cidadãos – quatro ao todo – realizar-se-ão entre o outono deste ano e a primavera de 2022.
As conclusões dos participantes assumirão a forma de recomendações, que serão apresentadas pelos 80 representantes eleitos pelos cidadãos na Conferência sobre o futuro da Europa, prevista para a primavera de 2022.
Além destes “embaixadores” dos cidadãos da União Europeia (UE), participarão na Conferência sobre o Futuro da Europa 108 eurodeputados, 54 representantes do Conselho (dois por cada Estado-membro), três da Comissão Europeia e 108 deputados dos parlamentos nacionais.
Até a Conferencia serão realizados diverso tipo de eventos, conferências, debates, mesas-redondas, com uma tónica especial dirigida aos jovens. Um terço dos participantes em cada sessão deverá ter entre os 16 e 25 anos.