“É abstruso que se fale no aeroporto de Alcochete e, simultaneamente, se diga também o aeroporto do Montijo. Para quê? Para ao fim de quatro anos, cinco, os portugueses iam perceber melhor essa confusão e essa desvalorização que se faz à solução mais duradoura que é Alcochete”, afirmou Jerónimo de Sousa.
O líder comunista falava aos jornalistas à margem da sessão evocativa do centenário do nascimento de José Saramago (1922-2010), na Azinhaga, concelho da Golegã (Santarém).
Jerónimo de Sousa salientou que se está “a falar de uma obra estrutural que determinará também o sentido” do progresso e do desenvolvimento do país.
“Depois daqueles episódios que acho inútil trazer para aqui, a verdade é que continua a colocar-se a questão da necessidade do aeroporto de Alcochete, confirmado, de uma forma geral, por diversas instituições, entidades, que reconhecem isso”, adiantou o secretário-geral do Partido Comunista Português.
O líder do PCP garantiu que o partido vai “continuar a persistir para que não seja a Vinci a mandar em Portugal”.
“Estamos a falar da ANA [empresa responsável pela gestão de 10 aeroportos no país], da Vinci, estamos a falar da ocupação que fizeram com a privatização da ANA, que dá rendimentos brutais sempre garantidos e o Estado português parece querer claudicar e, particularmente, o Governo deste bem económico, deste bem estratégico que nos pode ajudar a sair da situação em que nos encontramos”, acrescentou.
Questionado sobre a situação vivida no Governo (PS) na última semana, Jerónimo de Sousa respondeu: “Poderia dizer um disparate. Melhor é não dizer nada, portanto, porque não percebi nada”.
Na quinta-feira, o primeiro-ministro, o socialista António Costa, determinou a revogação do despacho que apontava os concelhos do Montijo e Alcochete como localizações para a nova solução aeroportuária da região de Lisboa, desautorizando o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, que no dia anterior apresentou esta proposta.
A solução apontada passava por avançar com o projeto de um novo aeroporto no Montijo complementar ao Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, para estar operacional no final de 2026, sendo os dois para encerrar quando o aeroporto no Campo de Tiro Alcochete estiver concluído, previsivelmente em 2035.