Durval Campos foi hoje ouvido na Comissão de Inquérito ao Funcionamento da Unidade de Medicina Nuclear do Serviço de Saúde da Madeira (SESARAM).
Aos deputados vincou que nunca visitou aquela unidade e apenas se relaciona com o seu coordenador, Rafael Macedo, quando este lhe telefona, ajudando-o sempre que tem dificuldades em objetos relacionados com a prática da medicina nuclear.
"Em relação à idoneidade da pessoa, não há razão nenhuma para esta pessoa não ter idoneidade a partir do momento que lhe foi atribuído um título de especialista de medicina nuclear", disse, sublinhando que o mesmo acontece com a unidade pública, que deverá estar apta a funcionar desde que regulada, certificada e licenciada.
Na quarta-feira, o coordenador e único médico especialista da Unidade de Medicina Nuclear do SESARAM, Rafael Macedo, afirmou na comissão de inquérito que "alguns colegas são negligentes", quer no setor público como no privado, acusando-os de fornecerem tratamentos que "não são adequados", apontando ainda deficiências nas fichas clínicas e no registo de doentes.
Por outro lado, afirmou estar habilitado para fazer 63 tipos de exames, mas efetivamente executa apenas dois.
"Não vou referir que os números que o dr. Rafael [Macedo] referiu são um exagero. Depende da atividade que ele quer fazer, da atividade profissional que ele tem capacidade para fazer, da atividade profissional que está autorizado a fazer", esclareceu Durval Campos Costa.
O diretor do Serviço de Medicina Nuclear da Fundação Champalimaud disse ainda que o número de exames está "diretamente dependente" das necessidades dos serviços de saúde e vincou a importância da formação contínua por parte dos especialistas, assegurando que não há dificuldade "absolutamente nenhuma" em "perder a mão" na atividade, desde que se faça e se siga os cursos online.
A Comissão de Inquérito ao Funcionamento da Unidade de Medicina Nuclear do SESARAM foi constituída a pedido da maioria social-democrata, na sequência uma reportagem da TVI transmitida em fevereiro.
A investigação jornalística concluiu que o serviço público encaminhava pacientes para fazer exames de medicina nuclear numa clínica privada, enquanto a sua própria unidade, inaugurada em 2013 e certificada em 2017, estava "praticamente parada".
Rafael Macedo gerou polémica na Madeira depois de confirmar na comissão de inquérito que estavam a ser encaminhados pacientes para fazerem exames numa clínica privada.
Entretanto, a administração SESARAM informou hoje que vai "instaurar um processo disciplinar ao médico Rafael Macedo e determinar ainda a sua suspensão" devido "à gravidade do seu comportamento".
C/LUSA