“Mais 10.000 polícias graduados ontem foram mobilizados, mas o problema é que as autoridades têm que apostar na prevenção do crime, que é insistente na África do Sul”, considerou o conselheiro das comunidades madeirenses no país.
José Luís da Silva explicou à Lusa que o comerciante português, Luís Freitas, filho de imigrantes madeirenses na África do Sul, foi morto a tiro por um grupo de assaltantes armados nas primeiras horas da manhã de hoje, no seu restaurante em Boksburg South, subúrbio no leste de Joanesburgo, a capital económica da África do Sul.
“Exigiram a entrega de todo o dinheiro no estabelecimento, espoletando-se um confronto, e dos vários tiros disparados um deles atingiu no peito Luís Freitas”, avançou o conselheiro madeirense, acrescentando que os paramédicos “nada puderam fazer”, declarando o óbito no local.
Na ótica do conselheiro madeirense, a violência na África do Sul “continua numa espiral imparável e atingiu níveis inaceitáveis”, acrescentando que “muito se fica a dever à ineficiência das autoridades policiais”.
O subúrbio de Boksburg, onde reside uma numerosa comunidade de portugueses e lusodescendentes, tem sido também flagelado pelo crime violento e raptos, segundo a polícia sul-africana.
Em novembro, o ministro da Polícia da África do Sul, Bheki Cele, considerou que a criminalidade, agressão e a violência no país atingiram níveis “preocupantes”, com mais de 7.000 homicídios e 4.000 raptos reportados nos três meses de julho a setembro.
O comerciante Luís Freitas, de 44 anos, filho de madeirenses naturais da Ribeira Brava, residente em Joanesburgo, foi “vítima de crime violento”, segundo uma nota de pesar do Governo Regional da Madeira, a que a Lusa teve acesso.
“O Governo Regional da Madeira, através da Direção Regional das Comunidades e Cooperação Externa, lamenta a morte de mais uma vítima de crime violento, que deixa dois filhos menores, de 15 e 12 anos”, adiantou o diretor regional das Comunidades e Cooperação, Rui Abreu.
Dados oficiais do Ministério das Relações Internacionais e Cooperação da África do Sul, estimam em cerca de 700 mil portugueses e lusodescendente na maior economia africana, nomeadamente em províncias de grande densidade populacional como Gauteng, KwaZulu-Natal e Cabo Ocidental. Pelo menos 300 mil dos quais são de origem madeirense.
Em novembro, nos encontros com o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Paulo Cafôfo, de visita ao país, os líderes comunitários portugueses na África do Sul apelaram ao diálogo entre os governos socialista e do Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), reclamando apoios para enfrentarem a crescente violência, desigualdade, envelhecimento e empobrecimento no país.
Lusa