“Estou a acompanhar muito de perto a situação da segurança nuclear em conjunto com o ENSREG”, assegurou a comissária europeia da Energia, Kadri Simson, em Bruxelas.
Intervindo na comissão de Indústria do Parlamento Europeu sobre a situação energética na Europa, em altura de guerra na Ucrânia e de tensões geopolíticas vindas da Rússia, a responsável europeia da tutela referiu que a UE enfrenta “uma guerra em larga escala no continente europeu”.
“Uma guerra contra um parceiro da União. Um país que percorreu um longo caminho na implementação de reformas, nomeadamente no setor da energia. Um país que merece todo o apoio da União contra uma agressão violenta não provocada e injustificável”, condenou Kadri Simson.
O Grupo Europeu de Reguladores da Segurança Nuclear (ENSREG) é um grupo consultivo independente e especializado criado em 2007, composto por altos funcionários das autoridades reguladoras nacionais e dos Estados-membros da UE nas áreas da segurança nuclear, da segurança dos resíduos radioativos e da proteção contra as radiações.
Na UE existem, entre outras normas, uma diretiva destinada a garantir a segurança das instalações nucleares (centrais nucleares, fábricas de enriquecimento e reprocessamento, etc.), que visa proteger a população e os trabalhadores contra os riscos.
Hoje mesmo, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, acusou os líderes ocidentais de terem planos para uma “verdadeira guerra” contra a Rússia, que só poderá ser nuclear.
“Todos sabem que uma terceira guerra mundial só pode ser nuclear, mas chamo a vossa atenção para o facto de que isto está na mente dos políticos ocidentais, não na mente dos russos”, disse Lavrov numa videoconferência de imprensa a partir de Moscovo, citado pela agência francesa AFP.
Lavrov referiu-se a comentários recentes dos seus homólogos francês, Jean-Yves Le Drian, e britânica, Liz Truss, sobre a dissuasão nuclear e o risco de guerra com a Rússia.
“Se algumas pessoas estão a planear uma verdadeira guerra contra nós, e eu penso que estão, deveriam pensar cuidadosamente”, adiantou Lavrov.
Antes, no domingo, o Presidente russo, Vladimir Putin, anunciou que colocou em alerta o sistema de dissuasão nuclear do exército russo, uma decisão que suscitou inquietação em muitas capitais do mundo e declarações contra uma nova escalada.
Ao anunciar a intervenção militar russa na Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro, Putin também fez uma ameaça que foi interpretada como uma referência a armas nucleares.
Na madrugada de 24 de fevereiro, a Rússia lançou uma ofensiva militar com três frentes na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamentos em várias cidades. As autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças, e, segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de 100 mil deslocados e pelo menos 836 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.
O Presidente russo, Vladimir Putin, justificou a “operação militar especial” na Ucrânia com a necessidade de desmilitarizar o país vizinho, afirmando ser a única maneira de a Rússia se defender e garantindo que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional, e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas para isolar ainda mais Moscovo.