André Ventura referiu que as informações que tem do presidente do Chega nos Açores, José Pacheco, é que existem “conversações informais” para uma convergência entre os dois partidos – Chega e Partido Social Democrata (PSD) – , mas frisou que terá de existir “um entendimento, uma espécie de documento conjunto de Governo, que permita definir as grandes áreas de intervenção do executivo”.
O líder do Chega declarou não ter ficado surpreendido pelo facto de o Partido Socialista (PS) nos Açores não ter viabilizado o Governo e acusou-o de ser “egoísta”, alegando que se limitou a pensar “no seu resultado eleitoral”.
André Ventura considerou que é uma derrota para o PS e para o PSD, porque na noite eleitoral “José Manuel Bolieiro tinha duas hipóteses: uma convergência à direita, que permitia uma maioria absoluta ou uma convergência com o PS, que também permitiria uma maioria absoluta”.
“Piscou o olho ao PS e a resposta foi-lhe dada hoje, o PS não vai viabilizar o Governo dos Açores”, referiu.
“O meu entendimento é que não devem de haver acordos de incidência parlamentar e deve haver apenas um acordo de Governo” e, “tal como foi dito hoje pelo presidente do Chega dos Açores, há condições para isso, há condições para um Governo estável”, declarou.
André Ventura disse que apela ao “bom senso de todos” e à “responsabilidade de todos” para que não haja “mais uma situação de instabilidade na região autónoma”.
“Neste momento temos o PS a dizer que não vai estar nessa solução e o PSD devia aprender com isso, porque o que aconteceu nos Açores, provavelmente, poderia acontecer a nível nacional”, disse.
Deixou um aviso ao PSD, questionando-o se quer uma convergência e estabilidade ou “se prefere arriscar a instabilidade”.
“Não existindo uma convergência teria sempre de haver uma análise do programa do Governo Regional e ver que programa de Governo é esse. Não estou nos Açores, não sou presidente do Chega dos Açores, não consigo antecipar essa resposta. O único cenário que eu vejo como razoável, neste momento, é haver um entendimento”, disse.
Nesse entendimento, Ventura garantiu que o acordo esperado é de Governo e não parlamentar.
Nas eleições regionais de domingo, PSD/CDS-PP/PPM elegeram 26 deputados, ficando a três da maioria absoluta. José Manuel Bolieiro, líder da coligação de direita, no poder no arquipélago desde 2020, disse que irá governar com uma maioria relativa nos próximos quatro anos.
O PS é a segunda força no arquipélago, com 23 mandatos, seguido pelo Chega, com cinco mandatos. BE, IL e PAN elegeram um deputado regional cada, completando os 57 eleitos.
O Chega, que em 2020 foi um dos partidos (além da IL) a assinar um entendimento parlamentar para viabilizar a governação da coligação e em 2023 se absteve na votação do Orçamento, afirma desde a campanha que o seu objetivo é integrar um executivo, mas sem a presença do CDS e do PPM.