O deputado do CDS-PP na Assembleia Legislativa da Madeira (ALM) Rui Barreto exortou hoje o Governo da República a cumprir as promessas feitas pelo primeiro-ministro, na sequência dos incêndios que afetaram a região em agosto.
"O que se exige é que o Governo da República cumpra as promessas feitas na Região pelo primeiro-ministro, afetando as verbas necessárias à reconstrução, indicando os valores e as respetivas fontes de financiamento", disse Rui Barreto no debate potestativo de hoje, requerido pelo seu partido.
Os governos regional e central avaliaram que os prejuízos causados pelos incêndios, que afetaram em particular a cidade do Funchal e fizeram três mortos, eram de 157 milhões de euros.
"O CDS entende que nesta matéria fazia todo o sentido a criação de um gabinete de reconstrução que envolvesse o Governo e os municípios afetados, mas também equipas multidisciplinares e diversas instituições", disse o deputado centrista.
Rui Barreto considerou que "os incêndios dos dias 9, 10 e 11 de agosto provam que houve falhas e omissões que precisam de corrigidas", indicando que houve "atropelos e dessintonias".
"Chegámos a assistir a conferências de imprensa da Câmara Municipal do Funchal e do Governo Regional à mesma hora, mas realizadas em separado", salientou.
Para o CDS-PP, "a Madeira precisa de um plano de reconversão florestal, apostando em espécies florestais folhosas e não resinosas", concluindo que o processo de reconstrução "tem de atalhar, de uma vez por todas, a questão do planeamento e ordenamento do território".
"Há uma ausência total de planificação florestal, não há reconversão, nem renovação. A nossa floresta tem vindo a perder qualidade, é ocupada por espécies invasoras (acácias, eucaliptos, giestas e carquejas)", acrescentou, sublinhando que "os municípios e o Governo Regional têm de ter posturas ativas", recordando que, nos últimos seis anos, a Madeira foi atingida por "quatro grandes fogos – 2010, 2012, 2013 e 2016".
Rui Barreto alertou que "Governo Regional e os municípios devem dar o exemplo e começar por proceder à limpeza dos seus próprios terrenos", porque "nenhuma entidade consegue convencer os cidadãos a limpar as suas terras se ela própria não o fizer nos terrenos públicos".
Rui Barreto defendeu ainda a criação de zonas de transição entre a área florestal e urbana onde deveriam ser substituídas as infestantes por prados, com floresta autóctone complementada com árvores de fruto adequadas e a implementação de atividades como a apicultura e a silvo-pastoril.
Os incêndios da segunda semana de agosto provocaram três mortos, um ferido grave, a destruição, parcial ou total, de 300 edifícios, mais de duas centenas de desalojados e 157 milhões de euros em prejuízos.
C/Lusa