Em declarações aos jornalistas, à margem da visita à Associação Extragenária, criada há menos de dois anos em Carvalhais, freguesia de Ponte de Vagos, no distrito de Aveiro, Catarina Martins frisou que no combate ao abandono tem faltado a política e à magistratura de influência do Presidente da República.
“Combater o abandono, seja o abandono das pessoas que envelhecem, seja o abandono das pessoas que não têm acesso a uma creche para o seu filho, seja o abandono das comunidades que ficam sem um único serviço público”, observou a candidata apoiada pelo Bloco de Esquerda.
“Ainda hoje é notícia que mais de 70% das freguesias em Portugal não tem, sequer, um balcão de um banco. E, portanto, nós temos um problema: andaram a encerrar, no país todo, serviços públicos fundamentais, temos gerações abandonadas, o abandono é uma das grandes questões dos nossos dias, e eu farei um mandato contra o abandono”, enfatizou Catarina Martins.
Sobre a visita à associação que promove iniciativas culturais, educativas, desportivas, tecnológicas e intergeracionais, e que, segundo dados da própria instituição a que a agência Lusa teve acesso, “numa franja muitas vezes esquecida das políticas públicas”, com pessoas entre os 60 e os 90 anos “maioritariamente autónomas, livres e ativas”, a candidata apoiada pelo BE reafirmou que um dos maiores problemas do nosso país é o abandono e a solidão.
“E é muito importante conhecer quem, no país, trabalha contra a solidão, contra o abandono, respeita as pessoas e tem projetos diferentes, novos. E aqui estamos numa associação que trabalha com pessoas que já estão reformadas, que já têm alguma idade nalguns casos, mas que são muito ativas, que são voz da sua comunidade e que, aqui, não só combatem a própria solidão, como têm projetos para combater a solidão dos seus vizinhos”, vincou.
Ao longo de cerca de uma hora, a candidata presidencial foi sujeita a uma espécie de exame, umas vezes mais sério, outras bem-humorado, respondendo, durante cerca de uma hora, a mais de 10 perguntas selecionadas pelos cerca de 20 participantes no encontro, “uma miniatura” daqueles, cerca de uma centena, que, habitualmente, ali se encontram, destacou uma senhora na assistência.
As perguntas, enunciadas por Ângelo Valente, o responsável da associação, versaram sobre o papel do Presidente da República, o envelhecimento, coesão social, mas também a imigração, relação entre gerações, um país mais justo para todas as idades ou a guerra na Ucrânia e o impacto no nosso quotidiano.
Recebida, à entrada da sala onde decorreu a sessão, numa antiga escola primária requalificada, com uma salva de palmas e a frase “a Catarina é linda”, Catarina Martins defendeu que é necessário puxar em Portugal por projetos desta natureza.
“Portugal tem muita gente, todos os dias, a quebrar todos os limites para que o país seja melhor, precisa, se calhar, que a política ajude um pouco mais”, observou.
Lusa