“É claramente a vontade do Partido Conservador que haja um novo líder e, portanto, um novo primeiro-ministro”, disse Johnson à porta de Downing Street, a residência e gabinete oficial do chefe do Governo britânico.
Johnson admitiu que estava “triste por desistir do melhor emprego do mundo”.
“Concordei que o processo de escolha de um novo líder [dos conservadores] deve começar hoje”, anunciou, acrescentando que o calendário do processo será decidido na segunda-feira.
A demissão do líder conservador, de 58 anos, ocorreu após a saída de dezenas de membros do seu executivo nas últimas 48 horas.
Johnson disse que continuará à frente do Governo até à eleição de um novo líder dos conservadores, apesar das vozes dentro e fora do partido para que deixe já o executivo.
Antes da comunicação, Johnson nomeou vários ministros em substituição de alguns que se demitiram nas últimas 48 horas.
Na comunicação ao país, Johnson disse que falou com o presidente do grupo parlamentar dos conservadores, Graham Brady, para iniciar o processo da sua substituição.
O grupo, conhecido por Comité 1922, é responsável pela definição do calendário para a eleição do líder do partido, o que poderá demorar alguns meses.
Alguns meios de comunicação social britânicos tinham adiantado antes da comunicação de Johnson que a sua substituição poderá ocorrer apenas no outono.
O líder do Partido Trabalhista e da oposição, Keir Starmer, manifestou-se já contra a permanência de Johnson no cargo até à eleição de um novo líder dos conservadores e ameaçou apresentar uma moção de censura para o remover do poder.
Johnson disse que, nas últimas horas, tentou convencer os elementos do executivo de que seria estranho ser substituído nesta altura, lamentando que os seus esforços tenham sido infrutíferos.
“Em política, ninguém é indispensável”, reconheceu.
O primeiro-ministro manifestou-se orgulhoso do trabalho do seu executivo, como a saída do Reino Unido da União Europeia (‘Brexit’), a reação à crise da pandemia de covid-19 e a posição assumida perante a invasão da Ucrânia pela Rússia, em 24 de fevereiro deste ano.
“Ser primeiro-ministro é, por si só, uma aprendizagem. Viajei para todas as partes do Reino Unido e descobri que muitas pessoas tinham uma originalidade sem limites e estavam dispostas a enfrentar problemas antigos de uma forma diferente”, afirmou.
Johnson disse acreditar que muitas pessoas estarão aliviadas com a sua demissão e que outras estarão desiludidas, mas “a vida é assim”.
“Mesmo que as coisas possam por vezes parecer sombrias agora, o nosso futuro juntos é brilhante”, afirmou.
Johnson agradeceu ainda a todos os eleitores que lhe deram o seu apoio nas eleições gerais de 2019, e lamentou não ter podido cumprir as suas promessas eleitorais.
Boris Johnson é o terceiro primeiro-ministro conservador a demitir-se em apenas seis anos, depois de David Cameron, em 24 de junho de 2016, e de Theresa May, em 24 de maio de 2019.
No seu reinado de 70 anos, a rainha Isabel II já lidou com 14 primeiros-ministros, desde Winston Churchill a Boris Johnson.