É a mágoa que guarda desta corrida eleitoral.
Lamento, profundamente, a não comparência a estas eleições por parte do meu partido, o PS, que assim contribuiu para dar a vitória ao candidato da direita democrática. Foi uma deserção contra a qual alertei.
António Costa, obviamente, foi o principal responsável por essa deserção.
A palavra é forte. E tem um significado político. Foi a mesma que o primeiro-ministro utilizou, para criticar o voto contra do Bloco de Esquerda no último Orçamento do Estado.
Exatamente no mesmo minuto em que Ana Gomes crítica António Costa, surge no Twitter esta publicação do primeiro-ministro.
"Felicito calorosamente Marcelo Rebelo de Sousa pela reeleição, com votos das maiores felicidades na continuidade do mandato presidencial, em proximidade com os portugueses, em defesa da Constituição e do prestígio internacional de Portugal, em profícua cooperação institucional."
António Costa, enquanto primeiro-ministro, saúda o presidente eleito.Antes, Carlos César, presidente do PS, associa o partido à vitória de Marcelo Rebelo de Sousa.
O Partido Socialista, os seus eleitores foram determinantes para a vitória à primeira da democracia, que é como quem diz, nesta circunstância, do Professor Marcelo Rebelo de Sousa.A sua vitória é uma boa notícia para o Partido Socialista. (…) E o extremismo de direita foi derrotado, como alternativa política, no nosso país.
Carlos César reconhece, no entanto, que Ana Gomes também contribuiu para este resultado.
Mas, os votos estão contados. Consegue ficar em segundo lugar, com quase 13%, à frente de André Ventura, com mais de 44 mil votos de diferença.
Ana Gomes assume que falhou o objetivo da segunda volta, e aponta o dedo aos outros partidos da esquerda.
Nestas eleições presidencias, os partidos à esquerda preocuparam-se com as suas próprias agendas, em vez de convergir. E, assim, concorreram para dar a vitória ao candidato da direita-democrática.
Numa noite eleitoral diferente, Ana Gomes esteve rodeada apenas dos mais próximos.