O oligarca Oleg Deripaska exigiu o fim do “capitalismo de Estado” na Rússia, face à crise provocada pelas sanções ocidentais na sequência da invasão russa.
“Há uma verdadeira crise e precisamos de verdadeiros gestores de crise (…) é absolutamente necessário mudar a política económica e acabar com este capitalismo de Estado”, escreveu no Telegram o milionário e fundador do gigante do alumínio Rusal, Oleg Deripaska.
Trata-se de uma rara crítica ao Kremlin por parte da oligarquia russa, que está a sofrer os efeitos das sanções aplicadas pelos países ocidentais na sequência da invasão da Ucrânia por forças russas.
Também o oligarca e magnata dos media nascido na Rússia e residente no Reino Unido, Evgeny Lebedev, usou as páginas de um dos seus jornais para pedir ao Presidente russo, Vladimir Putin, que termine a invasão da Ucrânia.
A edição de hoje do jornal Evening Standard, de Londres, publica na primeira página uma declaração de Lebedev.
“Presidente Putin, por favor, pare esta guerra“, lê-se na primeira página do jornal, que tem em destaque uma imagem de médicos que lutam para salvar uma menina de seis anos vítima de um bombardeamento em Mariupol, a segunda maior cidade do Donbass (leste da Ucrânia).
“Como cidadão russo, peço-lhe que impeça os russos de matar os seus irmãos e irmãs ucranianos. Como cidadão britânico, peço-lhe que salve a Europa da guerra”, escreveu Lebedev, no texto publicado no jornal.
Lebedev, cujo pai, o também oligarca Alexander Lebedev, chegou a trabalhar para os serviços secretos da antiga União Soviética (KGB), tornou-se membro da Câmara dos Lordes (câmara alta do Parlamento do Reino Unido) em 2020.
Além de Lebedev também os oligarcas Oleg Deripaska, aliado de Putin, e Mikhail Fridman, constam na lista de sanções dos Estados Unidos.
Enquanto isso, o empresário russo Roman Abramovich aceitou um pedido da Ucrânia para ajudar a mediar as conversações de paz com a Rússia, disse hoje uma porta-voz do proprietário do clube inglês de futebol Chelsea.
“Posso confirmar que Roman Abramovich foi contactado pelo lado ucraniano para apoio na obtenção de uma resolução pacífica, e que tem tentado ajudar desde então”, disse a porta-voz, citada pela televisão Al Jazeera.
O envolvimento de Abramovich na mediação do conflito foi inicialmente noticiado pelo jornal britânico Jewish News, que disse que as autoridades ucranianas tinham contactado o empresário russo através dos seus contactos judeus na Ucrânia.
Já no domingo, o bilionário Mikhail Fridman denunciou a guerra na Ucrânia, numa carta aos funcionários do seu fundo ‘LetterOne’, sendo o primeiro oligarca russo a manifestar-se contra o conflito, uma “tragédia” que “devastaria” os dois países.
“Nasci no oeste da Ucrânia, onde vivi até aos 17 anos. Os meus pais são cidadãos ucranianos e moram em Lviv, a minha cidade favorita”, escreveu Fridman na carta publicada pelo jornal Financial Times.