“Para que possamos prosseguir o caminho de crescimento da produção científica, o Governo da República tem de tratar com discriminação positiva a Universidade dos Açores (UAc)”, afirmou a secretária da Educação do Governo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM), Sofia Ribeiro, durante a cerimónia de 47º. aniversário da UAc, que decorreu em Ponta Delgada.
A governante lembrou o reforço de verbas regionais para suportar a tripolaridade da UAc “com a transferência de meio milhão de euros em 2021, 650 mil euros em 2022 e 800 mil euros para 2023”.
“Nós cumprimos, mesmo quando o Governo da República não cumpriu, e cumpriremos, mesmo quando a República continuar a negar as suas responsabilidades”, declarou.
O presidente da Assembleia Legislativa Regional, Luís Garcia, defendeu um “financiamento previsível” para a UAc e avisou que o “Estado está em falta” com a academia açoriana.
“É importante majorar o financiamento das universidades insulares. A Universidade dos Açores não pode continuar ano após ano de mão estendida. A República não tem feito outra coisa que não empurrá-la para uma asfixia lenta e agoniante”, criticou.
O representante da República para os Açores, Pedro Catarino, realçou a importância da UAc para a coesão do arquipélago, apelando a uma “comunhão de propósitos” entre os governos nacionais e regionais, que devem assumir uma “ação resoluta e ambiciosa”.
“O Governo central e o Governo Regional devem andar de mãos dadas, procurando falar entre si de forma aberta e construtiva pois só assim se conseguirá chegar a bom porto”, defendeu.
Só através dessa “comunhão de propósitos”, prosseguiu Catarino, vai ser possível “evitar estrangulamentos” como a “recentemente anunciada redução do contingente” para alunos açorianos, exemplificou.
O Governo Regional dos Açores decidiu hoje enviar uma carta à ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, a contestar uma possível redução do contingente de vagas para alunos açorianos nas universidades.
Na sexta-feira, o jornal Público revelou que, no âmbito da revisão do modelo de acesso ao ensino superior, o Governo pretende reduzir as vagas destinadas aos alunos dos Açores e da Madeira no ensino superior do continente.
Assim, cada um dos contingentes especiais para candidatos oriundos das regiões autónomas passará a ter 2% das vagas reservadas em cada curso, sendo que, atualmente, 3,5% dos lugares estão guardados para alunos da Madeira e dos Açores, segundo a proposta, a que o jornal teve acesso.
Na cerimónia de aniversário da academia, a reitora da Universidade dos Açores lamentou a falta de vontade política para corrigir o subfinanciamento das academias insulares e mostrou disponibilidade para colaborar no novo modelo de financiamento do ensino superior.
Em 06 de janeiro, a Assembleia da República chumbou dois diplomas que pretendiam reforçar o financiamento das universidades da Madeira e dos Açores, de forma a compensar os constrangimentos decorrentes da insularidade.
Lusa