“Não sabemos quanto tempo a vacina continuará a ser eficaz. Serão seis meses, um ano, dois anos, menos ou mais, não sabemos e é por isso que precisamos de proteger as nossas populações contra o ressurgimento da pandemia ou de mutações”, declarou o chefe do governo israelita, Benjamin Netanyahu, ao lado dos seus homólogos, o austríaco Sebastian Kurz e a dinamarquesa Mette Frederiksen.
Os três países vão lançar assim “um fundo de investigação e desenvolvimento” e “iniciar esforços conjuntos para a produção de futuras vacinas”, adiantou Netanyahu, sem precisar o montante do fundo ou a capacidade de produção desejada.
“Estamos todos (os três) a realizar investigações promissoras que abrirão caminho à próxima geração” de desenvolvimento biomédico”, disse Frederiksen, indicando que a nova aliança “explorará a possibilidade de cooperação em ensaios clínicos”.
A França criticou o projeto de aliança, considerando que o “quadro europeu” era o mais adequado para garantir a “solidariedade” na União Europeia (UE).
Kurz respondeu hoje: “Devemos cooperar nesta questão dentro da União Europeia (…) mas também devemos cooperar à escala global”.
O chanceler austríaco considerou Israel o “primeiro país do mundo a demonstrar que o vírus pode ser vencido”.
Graças a um acordo com a farmacêutica Pfizer, o Estado hebreu tem contado com um fornecimento rápido de vacinas em troca de dados biomédicos sobre o seu efeito na população.
O acordo permitiu que Israel já tenha administrado pelo menos uma dose da vacina a mais de metade dos 9,3 milhões de israelitas e tenha realizado uma série de testes em grande escala, que confirmaram a eficácia da vacina Pfizer/BioNTech.
Quando a possibilidade do acordo foi anunciada, na terça-feira, a presidente da Associação austríaca de Fabricantes de Vacinas (ÖVIH), Renée Gallo-Daniel, classificou a estratégia entre os três países de "muito inovadora" e "boa".
Mas alertou, em declarações à rádio nacional austríaca, que são necessários "normalmente cinco a dez anos para montar uma produção" e "pelo menos alguns meses a um ano para reorientar uma unidade de produção existente".
Um número crescente de Estados-membros da UE tem vindo a distanciar-se da estratégia comum de fornecimento e de distribuição das vacinas contra a covid-19 delineada pela Comissão Europeia, que tem sido alvo de críticas e de atrasos.
É o caso da República Checa, da Eslováquia e da Hungria que já recorreram a vias alternativas de abastecimento de vacinas, com a aquisição das vacinas russa e chinesa que ainda não obtiveram a "luz verde" da Agência Europeia de Medicamentos (EMA).