"O ocorrido na Venezuela com o assassinato de Óscar Pérez (ex-polícia rebelde) e outros jovens, é a maior evidência de que o Governo de Nicolás Maduro é genocida e violador de direitos humanos", disse num vídeo divulgado através da rede social Twitter.
A ex-procuradora explica que foi "um massacre" a operação policial para a captura do ex-polícia rebelde e piloto de helicóptero Óscar Pérez, durante a qual ele e outras seis pessoas que o acompanhavam morreram.
"O mundo pôde ver em tempo real como este jovem se rendeu e manifestou a sua disposição de entregar-se, o que foi ignorado pelos corpos de segurança do Estado, pois a ordem era assassina-los", afirma.
Segundo a ex-procuradora "se as ações de Óscar Pérez eram constitutivas de delito corresponderia à justiça imparcial determiná-lo".
"A realidade é que o Governo mostrou, à comunidade internacional, a sua cultura de morte. Que mais evidência querem a Organização das Nações Unidas e o Tribunal Penal Internacional, que os testemunho do (ex) inspetor Óscas Pérez, manifestando que se rendia e pedindo que não matassem as outras pessoas presentes, o que terminou com uma execução extra-judicial vista pelo mundo inteiro", questiona.
Luísa Ortega Díaz questiona ainda "que fez o Ministério Público usurpado e a Provedoria para garantir a vida dos que se tinham rendido".
"Estas mortes não podem ser em vão. Não falo de mártires, falo de jovens vilmente massacrados. Isto deve fazer todos (os venezuelanos) reagir. As pessoas reclamam, julgam e atacam os militares, por não atuar contra os desmandes do Governo, mas quando alguém o faz, banalizam o seu esforço", explica.
Segundo a ex-procuradora "a resposta de todos (os venezuelanos), perante isto, deve ser a unidade, organização e luta" porque isso será "a chave que levará civis e militares, invocando o espírito do 23 de janeiro (de 1958, queda da ditadura de Marco Pérez Jimenez) a restituir a democracia".
Radicada no estrangeiro, a ex-procuradora, Luísa Ortega Díaz, foi destituída do cargo a 05 de agosto pela Assembleia Constituinte eleita a 30 de julho, depois de denunciar como ilegais duas sentenças do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) venezuelano. Uma a limitar a imunidade parlamentar e a segunda em que o STJ assumia as funções do parlamento, no qual a oposição detém a maioria desde as eleições de janeiro de 2016.
O ministro do Interior venezuelano, Néstor Reverol, confirmou terça-feira que o ex-polícia rebelde e piloto do helicóptero Óscar Pérez e outras seis pessoas que o acompanhavam, morreram segunda-feira, durante uma operação policial para a sua captura.
"Apesar das tentativas para conseguir uma solução pacífica e negociada, este grupo terrorista fortemente armado, iniciou, de maneira mal-intencionada, um confronto com os organismos de segurança atuantes", disse o ministro durante uma conferência de imprensa em Caracas.
As declarações do ministro contrastam imagens de vídeos divulgados através da internet em que Óscar Pérez denuncia que pretendiam assassiná-lo. Num dos vídeos ouve-se quando chama a atenção de funcionários para a existência de civis no lugar e pede que não disparem porque se vai entregar.
O ex-inspetor Óscar Pérez era acusado de, em junho de 2017, ter usado um helicóptero do Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminalísticas (CICPC, antiga Polícia Técnica Judiciária), para disparar vários tiros contra a sede do Ministério do Interior e Justiça e arremessado quatro granadas contra o Supremo Tribunal de Justiça, que não causaram vítimas.
Era também acusado de, a 18 de dezembro último, ter liderado um grupo de 49 homens que assaltou um comando da Guarda Nacional Bolivariana (GNB, polícia militar), de onde roubaram armas e munições e manietaram vários oficiais, em Laguneta de La Montaña, a sul de Caracas. Em nenhum caso houve vítimas.
LUSA